De repente, parece que as equipas de Fórmula 1 se começaram a preocupar com a formação de jovens pilotos, convocando muitos estreantes para as duas sessões de testes a que têm direito, com a época a decorrer. A realidade é, porém, muito mais prosaica: fazem-no… porque são obrigadas pelo regulamento dos testes!
Segundo o regulamento desportivo, as equipas podem fazer, entre a primeira e a última prova, duas sessões de testes de não mais de dois dias, na mesma pista e nas 36 horas seguintes a um Grande Prémio. Este ano aconteceram em Barcelona e, agora, na Áustria. «Dois dias desses testes deverão ser dedicados ao treino de novos pilotos. Um novo piloto é alguém que só competiu em dois ou menos Grandes Prémios», estipula o regulamento.
Quanto a pilotos sem qualquer experiência de competições do mais alto nível, o regulamento obriga ainda a uma pequena alteração técnica nos seus carros, bem visível no Ferrari usado por Antonio Fuoco no primeiro dia de testes na Áustria: «Carros guiados por pilotos que não possuam Super Licença têm de estar equipados com uma luz traseira verde que deve estar permanentemente ligada».
Além destes dois treinos no meio da época, a regulamentação dos testes prevê várias outras condicionantes. Num ano, cada equipa não pode fazer mais de 15.000 km de testes com o carro dessa época ou da anterior e apenas com um monolugar. Para este número não contam os eventos promocionais (como dias de filmagens), limitados a dois por época e a 100 km cada, ou as demonstrações, também limitadas a duas por época e a 15 km cada – por isso a Red Bull usa chassis mais antigos nas suas muitas demonstrações. Nestas duas «actividades» o carro tem de rodar com os chamados «pneus de demonstração» que nada têm a ver com os que são usados nas provas.
Habitualmente, há ainda um teste no final do ano, logo após a última corrida, no Abu Dhabi, designado por «Young Driver Test», novamente destinado a novos pilotos. Foi nesses testes que António Félix da Costa guiou para a Force India (2010) e Red Bull (2012). Resta dizer que tanto a Red Bull, com o seu Junior Team, como a Ferrari, com a Academy Driver, têm tido bons programas de desenvolvimento de jovens pilotos, além de outras equipas de F1 apoiarem já novos talentos em fórmulas de promoção, no GP3 e GP2.