O Mundial de F1 deste ano pode reavivar memórias dos gloriosos anos do começo do Campeonato do Mundo, quando Mercedes e Ferrari se entregaram a emocionantes duelos, nos anos de 1954 e 55. Que só não se prolongaram devido à retirada total da marca alemã da competição, na sequência de um trágico acidente em Le Mans-55, com mais de 80 mortos entre os espectadores…
A luta entre a paixão corporizada pela Ferrari e a abordagem científica dos alemães das «Flechas de Prata» já vinha, contudo, de antes da II Guerra Mundial. Nos anos 30 já a Fórmula 1 existia e, mesmo se a marca ainda não tinha sido fundada, já era a Scuderia Ferrari, alinhando os Alfa Romeo oficiais, que se batia contra os alemães da Mercedes e Auto Union – na foto 3 o arranque do G.P. de França de 1934 com dois Scuderia Ferrari Alfa Romeo à frente do Mercedes W25. Com grandes dificuldades, diga-se, perante a superioridade germânica no final da década de 30, quando se começou a falar na organização de um Mundial de F1, suspensa pelo eclodir da Guerra.
Nos anos 50, com o início do Mundial, a Mercedes regressou à competição em 1954 e com um avançadíssimo W196, deixando em apuros os Ferrari, Alfa Romeo e Maserati que pouco mais eram que evoluções dos carros pré-Guerra. Por outro lado, ao contratar Juan-Manuel Fangio que iniciara essa época com a Maserati, juntou o melhor piloto ao melhor carro, conquistando o primeiro título mundial para Estugarda, segundo do argentino.
No entanto, a época de 1954 ficou memorável pelos duelos dos Mercedes de Fangio e Karl Kling com os Ferrari de José Froilan Gonzalez e Mike Hawthorn (na foto 1 o G.P. da Suíça, com Fangio à frente de Gonzalez). Que prometiam continuar no ano seguinte, mas a Mercedes reforçou-se com Stirling Moss e não deu quaisquer hipóteses a uma Ferrari enfraquecida a nível de pilotos, contando apenas com Giuseppe Farina a tempo inteiro.
Fangio conquistaria o terceiro dos seus cinco títulos e o duelo entre Mercedes e Ferrari acabaria aí, devido ao abandono da marca alemã de todas as competições. Pode ser que, 60 anos passados, voltemos a assistir a uma entusiasmante época de luta entre as «Flechas de Prata», agora com Hamilton e Rosberg, e os «cavallino rampante» de Vettel e Raikkonen!