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Singapura estreou-se no Mundial de F1… com infâmia desportiva!

O ambiente festivo que rodeia o G.P. de Singapura e as fantásticas corridas que esta pista citadina tem proporcionado ao longo das oito edições já realizadas não conseguem apagar a infâmia desportiva com que começou a relação da cidade-estado com o Mundial de F1, em 2008. Falamos, obviamente, do famoso «Crashgate», a vitória de Fernando Alonso que, sem que o espanhol o soubesse – pelo menos nunca ninguém o conseguiu provar! –, foi construída de forma fraudulenta nos bastidores…

Numa época dominada pela luta entre o McLaren de Lewis Hamilton (que seria campeão) e o Ferrari de Felipe Massa, os Renault tiveram uma qualificação para esquecer, com Alonso apenas em 15.º e Nelson Piquet Jr., seu colega de equipa, no lugar seguinte. Logo à 12.ª volta, quando já era 11.º, Alonso parou na «box» para reabastecer e voltou à pista em último. Nesta altura ainda havia reabastecimentos e esta corrida ficaria célebre pela imagem de Massa a arrancar da sua «box» trazendo a mangueira do reabastecimento agarrada ao Ferrari…

Duas voltas depois de Alonso ter parado nas «boxes», Piquet Jr. despistou-se numa zona da pista em que os meios de socorro tinham difícil acesso, obrigando à entrada do «safety car». Um facto que Alonso agradeceu pois, quando os seus adversários tiveram de reabastecer, o espanhol ficou no comando da prova (aproveitando também diversos incidentes), sendo o primeiro vencedor em Singapura, seguido por Rosberg (Williams/Toyota) e Hamilton (McLaren/Mercedes). «Nem acredito, é incrível como nesta época tão difícil chegamos aqui e conseguimos o primeiro pódio e primeira vitória do ano. É verdade que o ‘safety car’ ajudou e muito a ganhar a corrida», diria um inocente Alonso…

Logo na altura houve alguns comentários jocosos sobre o jeito que o despiste de Piquet e a entrada do «safety car» tinham dado a Alonso, mas poucos saberiam quão perto estariam da verdade… O problema é que, menos de um ano depois, o chefe da equipa Renault, o controverso Flavio Briatore, decidiu correr com Piquet Jr, substituindo-o por Romain Grosjean. Está bom de ver… Zangam-se as comadres, sabem-se as verdades e o brasileiro revelou que o seu acidente em Singapura não tinha sido mais que uma ordem de Briatore, para obrigar a entrada do «safety car» e, assim permitir a vitória de Alonso!

Esta revelação e a colaboração de Piquet garantiram-lhe imunidade em todo este caso, mas a sua carreira na F1 terminou por ali… Depois de a FIA esclarecer aquele que ficou conhecido como o «Crashgate», Alonso foi ilibado, Flavio Briatore foi banido da F1 para sempre, enquanto o director-técnico Pat Symonds (agora na Williams) foi suspenso por cinco anos. As penas seriam, contudo, posteriormente reduzidas numa negociação discreta… Mas o «Crashgate» ficará para sempre como uma das mais baixas jogadas desportivas alguma vez feitas na Fórmula 1!


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Acerca do Autor

Enviado-especial do jornal «A Bola» a largas dezenas de Grandes Prémios, nunca deixou de reportar sobre o Mundial, tendo nos últimos anos alargado a sua experiência aos comentários televisivos.