Muito se tem falado, ultimamente, na importância do óleo que as duas principais equipas, Mercedes e Ferrari, conseguiram «intrometer» na câmara de combustão para conseguirem enriquecer a mistura e obter uma combustão mais eficiente, ou seja, maior potência. Este é um tema que trouxe ao de cima a crucial importância dos óleos e combustíveis que são fornecidos às grandes equipas, dando maior evidência à necessidade de todas elas terem parcerias com petrolíferas dispostas a apostar no desenvolvimento de tecnologias de ponta.
Analisemos, por exemplo, o caso da Mercedes, dado o secretismo a que a Ferrari teima em se remeter… Na verdade, um dos segredos do sucesso da equipa tricampeã do Mundo vem… da Malásia e de Itália, onde estão o laboratório e uma das unidades produtoras da Petronas, a petrolífera malaia que embarcou, desde o início, na aventura do regresso da Mercedes à F1 enquanto equipa oficial. Afinal uma sequência lógica do envolvimento daquela petrolífera na mais importante disciplina do desporto automóvel que já data de… 1996, quando entrou na F1 como patrocinadora e fornecedora da Sauber!
É, pois, a partir da Malásia e Itália – mais concretamente do centro de pesquisa, em Bangi, Selangor e do centro de produção, em Turim – que a Petronas tem contribuído de forma decisiva para que a Mercedes tenha o motor mais dominador das últimas temporadas. Desenvolvendo combustíveis ultra avançados, mas também lubrificantes para os diversos componentes (transmissões, elementos hidráulicos, etc.). Este ano, os lubrificantes do motor deram um salto enorme para aproveitarem a técnica inventada de deixar passar um pouco do óleo para dentro da câmara de combustão.
Até há pouco tempo isso era quase impensável, até devido aos lubrificantes usados, de elevada viscosidade para resistirem às elevadíssimas cargas térmicas e mecânicas existentes entro de um motor de F1. Contudo, esta nova tecnologia que passa por ter uns orifícios mínimos na cabeça do pistão para permitir que algum óleo entre na câmara de combustão, levou ao limite os esforços pedidos aos laboratórios da Petronas.
Que tiveram de desenvolver um óleo que, mantendo as suas propriedades lubrificantes e a resistência às gigantescas tensões internas do motor, tivesse elevadíssima fluidez, com uma viscosidade quase aproximada… à da água! Foi esta «quadratura do círculo» que os químicos malaios da Petronas conseguiram, permitindo assim que os técnicos e Brixworth (o centro da construção dos motores da Mercedes) pudessem utilizar a técnica da injecção de óleo na câmara de combustão, voltando a alguns cavalos e… alguma vantagem sobre a concorrência!
Toto Wolff, director da equipa, desfaz-se em elogios ao trabalho dos técnicos malaios, em especial numa época tão equilibrada, em que o mais ínfimo detalhe pode ser a diferença entre a vitória e a derrota: «Ficou sempre extasiado com o facto de conseguirmos extrair ‘performance’ de fluidos que eu nem sabia que estavam no carro! E não é só o óleo lubrificante do motor… conseguimos cinco milissegundos num líquido de refrigeração, mais 15 milissegundos num óleo do sistema hidráulico. E com as fórmulas e as densidades dos óleos e combustíveis conseguimos extrair muito mais cavalos do motor de combustão interna!».
Bem se pode, por isso, dizer que em cada triunfo da Mercedes – e muito mais em pistas em que o motor é submetido a esforços brutais, como sucedeu em Spa e em Monza – uma parte do troféu deveria ir também para a Malásia… Porque aí é feito um trabalho incansável e decisivo para estes resultados, com números quase inacreditáveis! Mas esse é um assunto a que regressaremos em breve.