Jean Todt poderia simplesmente tê-lo imposto, com o pressuposto de se tratar de uma evolução a nível da segurança, mas preferiu implicar as equipas na tomada de uma decisão que sabe que irá ser polémica entre os fãs da Fórmula 1: os carros de 2017 terão ou não a estrutura em halo a proteger os habitáculos? A decisão está marcada para amanhã e o presidente da FIA… poderá ter uma surpresa.
Sabe-se que Todt é a favor da introdução do halo e é isso que vai defender na reunião do Grupo Estratégico da F1 que se realizará amanhã, em Genebra. Aí estarão representados a FIA e a FOM (Bernie Ecclestone), com seis votos cada, e seis equipas, as cinco maiores (Mercedes, Ferrari, Red Bull, Williams e McLaren) e a melhor das «pequenas» (Force India). Contudo, sabe-se que Ecclestone é contra o halo…
Todt vai tentar convencer os responsáveis das equipas que já receberam um dossier completo sobre o assunto, ainda com mais informações que as prestadas aos pilotos na reunião realizada na Hungria. Nomeadamente os testemunhos de Vettel, Raikkonen e Gasly, os únicos pilotos a fazerem voltas com o halo montado no Ferrari e, no último caso, no Red Bull.
Christian Horner, da Red Bull, já se manifestou contra a sua adopção em 2017, dizendo que o dispositivo não está suficientemente desenvolvido e que o grau de protecção que oferece é relativamente reduzido. Mas não podemos esquecer que Horner defende o Aeroscreen que a Red Bull desenvolveu mas que a FIA não aprovou… Já Eric Boullier, da McLaren, não abre muito o jogo, apenas avançando que as equipas poderão ser obrigadas a montar o halo se a FIA o decidir, pois trata-se uma estrutura de segurança.
Já Toto Wolff, da Mercedes (que foi, inicialmente, quem concebeu a estrutura) diz não ter opinião formada e pretender primeiro ouvir o que os outros têm a dizer. Mas sempre vai dizendo: «Naquela apresentação da FIA não vi nenhum carro virado ao contrário e a arder, com o halo montado…».
A decisão tem mesmo de ser tomada agora porque a eventual adopção do halo terá enormes influências no estudo aerodinâmico dos carros de 2017 que está já muito avançado. Mas Jean Todt poderá ter uma surpresa na reunião de amanhã e ver que o seu desejo de impor o halo não é acompanhado, pelo receio das equipas de «desmobilizarem» os fãs pela fealdade dos carros com aquele dispositivo… Claro que, em último caso, poderá impor uma decisão que terá sempre de ser ratificada, primeiro pela Comissão da F1 e, por fim, pelo Conselho Mundial da FIA.