No final do G.P. de Espanha, Sebastian Vettel lamentou-se do tempo perdido atrás de Valtteri Bottas, dizendo – embora sem se queixar por saber que faz parte do «jogo» – que a Mercedes tinha usado o finlandês para fazer pender o resultado da corrida para o lado de Hamilton. Bottas não tem problemas em assumir abertamente que desempenhou, de facto, esse papel, classificando-o como «função» e «missão».
Foi depois das primeiras trocas de pneus, quando Vettel ficou com cerca de 7,5 s de vantagem sobre Hamilton que a Mercedes jogou o «trunfo Bottas», deixando-o em pista, na liderança, mais algum tempo. Vettel apanhou-o mas, por se tratar de discussão directa de posição, o piloto da Ferrari teria de conquistar a liderança numa ultrapassagem sem esperar facilidades. Antes pelo contrário… «Fiz tudo o que podia para manter o Sebastian atrás de mim e obriga-lo a perder tempo para o Lewis, é assim que as corridas funcionam», comentou Bottas.
E conseguiu, pois quando Vettel o passou, já Hamilton lhe tinha ganho quase 4 s, o que seria decisivo no desenrolar da corrida. O alemão não ficou totalmente satisfeito, mas Bottas defende-se dizendo que a Mercedes lhe paga para que contribua para as vitórias da equipa. «Aquele era o meu trabalho e a minha missão. Mas o ritmo era muito diferente e ele acabou por passar. Mas acho que ajudei a equipa e espero ter feito a diferença, pelo menos aumentámos a vantagem no Mundial para a Ferrari».
Uma coisa é certa, se tivesse sido ao contrário, Kimi Raikkonen teria feito exactamente o mesmo, procurando retardar ao máximo Lewis Hamilton. Porque estas estratégias fazem parte das corridas, em especial quando o lugar de Bottas nem estava em risco… a não ser quando o seu cansado motor entregou a alma ao criador.