Assegurada a conquista do terceiro título consecutivo de Construtores, a festa da Mercedes foi «enegrecida» com o lançamento do livro de Ross Brawn, em que o ex-responsável técnico da escuderia – e reconhecido pelos líderes da mesma como o construtor dos alicerces do sucesso actual – tece duríssimas críticas a Toto Wolff e Niki Lauda, revelando mesmo episódios… menos dignos!
«Tive de sair da equipa porque não confiava nem no Toto nem no Niki». Assim, sem mais, nem menos! No livro «Total Competition» («Competição Total», numa tradução literal), escrito em parceria com o jornalista britânico Adam Parr, Brawn fala da sua longuíssima carreira desportiva. Nomeadamente a sua passagem pela equipa Jaguar de Resistência e, claro, pela Scuderia Ferrari. Onde só muito tarde descobriu que a Ferrari era a única equipa com o poder de… vetar leis do regulamento técnico!
Voltando à Mercedes – equipa construída, recorde-se, sobre as bases da Brawn GP, campeã em 2009, depois de Ross Brawn ter salvo toda a estrutura, após o abandono repentino da Honda! –, o britânico liderou os primeiros quatro anos, saindo no final de 2013. Perdeu, assim, toda a colecção de êxitos iniciada em 2014, se bem que seja público que foi ele quem estruturou tudo para que fosse possível a história de sucesso que agora conhecemos.
O que ninguém sabia era porque razão tinha Brawn saído, visivelmente desiludido e remetendo-se a uma reforma longe dos holofotes da F1, a que só muito pontualmente voltou e apenas como visitante. Agora, o livro revela muito e a dupla Toto Wolff/Niki Lauda não fica nada bem na «fotografia»! «Obrigaram-me a trabalhar com pessoas em quem não confiava. Era impossível perceber o que estavam a tentar fazer, Lauda podia dizer-me uma coisa pessoalmente mas, em público, dizia outra totalmente diferente».
Brawn queixa-se ainda de comentários que ouviu Wolff fazer nas suas costas. «Ouvi-o falar com Collin Kolles [que foi dono da equipa Midland/Spyker]. Criticavam a minha forma de trabalhar e isso fez com que não pudesse continuar a confiar neles». A que se juntou a contratação de Paddy Lowe para a direcção técnica sem que Brawn fosse consultado. «Reuni-me com Wolff e com Lauda mas ambos passavam a culpa um para o outro…».
A sua decisão de abandonar veio logo a seguir… «Percebi que não podia confiar nessa gente e que não tinha qualquer futuro com eles. Nunca me tinha sucedido algo assim com os mais altos dirigentes de uma equipa». E o problema, segundo Brawn, teve uma origem muito clara: «Tudo se começou a complicar quando ambos se tornaram accionistas da equipa. Nunca percebi porquê, mas a Mercedes queria directores que estivessem realmente envolvidos e acharam que essa era a melhor forma de o garantir».
É verdade que os resultados desportivos parecem demonstrá-lo… Mas, se a história é de facto como Brawn conta, então nem Wolff nem Lauda deverão aparecer em Austin particularmente bem dispostos…