O que se passará, afinal, com os arranques dos pilotos da Mercedes, de cada vez que ficam na «pole»?! O que se passou ontem com Lewis Hamilton, em que deitou fora uma «vitória anunciada» com um péssimo arranque (caiu de 1.º para 6.º e perdeu todas as hipóteses de lutar pela vitória) foi apenas mais um de muitos casos: este ano foi a sétima vez que um dos homens da Mercedes conquistou a «pole» e perdeu o primeiro lugar logo no arranque!
É verdade que, em quase todos os casos – excepto Barcelona, em que acabaram os dois fora da pista, depois de Rosberg surpreender Hamilton – a vitória acabou sempre no colo da Mercedes, mas começa a haver aqui um padrão preocupante para os campeões do Mundo, agora que vamos para uma pista, Singapura, em que é tão difícil ultrapassar. «Continuamos a ter uma certa inconsistência com a embraiagem, já sucedeu com o Nico em Hockenheim e comigo várias vezes este ano», comentou Hamilton.
Inicialmente, o tricampeão do Mundo até assumiu a culpa do péssimo arranque, mas viria a desmenti-lo e a explicar porque o tinha dito: «Apenas quis tranquilizar os meus engenheiros que sabia que estariam nervosíssimos pelo sucedido. Mas, na verdade, nem sei o que aconteceu porque fiz o procedimento todo correcto e as rodas patinaram imenso. Mas já me garantiram que não foi um erro meu!», disse após a corrida.
Toto Wolff, director da Mercedes, corroborou a história: «O Lewis disse-nos pelo rádio que tinha sido 100% culpa sua o mau arranque, mas pode não ser bem assim, temos de analisar todos os dados. Até porque nesta equipa não temos essa cultura de nos andarmos a culpar uns aos outros, vamos juntar-nos, analisar o que se passou e seguir em frente».
Foi, aliás, nessa perspectiva que Wolff chamou a atenção para as coisas que… saltam mais à vista: «Temos de ser cuidadosos com as conclusões porque, quando se sai da primeira linha, um mau arranque nota-se muito mais, enquanto um bom não é tão perceptível», opinou. São, no entanto, muitas as provas em que algum dos Mercedes falha o arranque. «As regras foram mudadas para tornar todo o processo mais manual e variável e estamos a assistir aos resultados disso», comentou, referindo-se ao silêncio total dos rádios na volta de formação da grelha.
Hamilton também aludiu à falta de informação dos seus engenheiros: «Não tem tanto a ver com os pilotos, mas há uma certa inconsistência no funcionamento das nossas embraiagens. Antes podiam dizer-nos qual a temperatura da embraiagem e ficava mais fácil atingir o ponto ideal. Agora fica muito mais difícil saber se estamos com a temperatura certa, sem essa informação».
O facto de os maiores problemas sucederem com o piloto que está na «pole» pode também estar relacionado com o tempo que está parado na grelha (onde é o primeiro a chegar), à espera que todos os restantes carros se alinhem. Mas é um problema que a Mercedes terá de resolver. «Na reunião que vemos ter na fábrica vai ser para falar de embraiagem, embraiagem, embraiagem. Porque, como se viu, nas restantes áreas parece que não estamos nada mal», referiu Hamilton.