Uma equipa de engenheiros a trabalhar durante 24 horas ao longo de dez dias seguidos, só para perceberem o que tinha corrido tão mal no Mónaco e como poderiam dar a volta pra chegar ao Canadá com um carro ganhador! Este foi o segredo do ressurgimento em grande forma da Mercedes que, contando com um Hamilton em «dia sim» e numa das suas pistas «fétiche», tornou-se imbatível, conseguindo «pole», vitória, volta mais rápida e liderar todas as voltas do Grande Prémio…
Como se passa, em menos de duas semanas, da autêntica depressão que foi a corrida no Principado para o deslumbre de uma dupla em Montreal? Toto Wolff explicou: «Após a corrida do Mónaco sabíamos perfeitamente o que tinha estado mal no domingo, mas não conseguíamos explicar o que se passara nos dois dias de treinos. Foi então que um grupo de engenheiros se reuniu para, calmamente, analisar a fundo todos os dados do problema. E a qualquer hora do dia ou da noite, sempre que estava na fábrica, havia luzes acesas e pessoas a trabalhar no simulador. Foram 24 horas por dia durante dez dias seguidos e ninguém tirou um dia de folga naquele grupo!».
Assim se percebem melhor os múltiplos agradecimentos de Hamilton a todos os que trabalharam em Brackley, a base onde se trata dos chassis da Mercedes e onde se concentram cerca de 700 pessoas – a outra base da equipa, onde são feitos os motores, fica em Brixworth e conta com mais 500 pessoas… «Fiquei muito encorajado com o que vi», continuou Wolff. «Confesso que não estava muito optimista após o terceiro treino livre… E depois há o Lewis que é uma parte importante, Montreal é uma pista onde ele é sempre soberbo, a sua volta de qualificação, só de ver na câmara ‘on board’ dá arrepios!».
«Penso que lhe demos um bom carro, um carro consistente e sólido. O Sebastian [Vettel] foi infeliz ao ficar sem um pedaço da asa na partida, mas penso que tínhamos um bom ritmo de corrida, mesmo comparando com os Ferrari», declarou o responsável máximo da equipa Mercedes.
Mas voltando ao processo de trabalho «a fundo» que levou à recuperação do Mónaco para o Canadá, Wolff diz que a liderança de todo aquele processo se deveu «a seis ou oito pessoas». «Eles trabalharam sobre os dados recolhidos pelos vários grupos que trabalharam antes e que tiveram o duro trabalho de procurar e analisar todos os dados, permitindo-lhes depois fazer uma análise mais profunda. Neste desporto não há ‘varinhas mágicas’, podemos tentar encontrar explicações fáceis numa área mas, para um bom resultado final, temos de trabalhar em todo o conjunto».
E Wolff explicou: «Analisámos a aerodinâmica, o equilíbrio mecânico, as afinações, até os próprios pneus e a forma como os pilotos guiaram. Porque não há um único ponto responsável pelas alterações do comportamento do carro».
Apesar do resultado deste enorme trabalho, Toto Wolff mantém-se na defensiva e não assume que, a partir de agora, tudo sejam rosas… «Nunca sinto isso. O Mónaco foi duro mas não entrámos em depressão e Montreal foi fantástico mas não diria que os problemas estão resolvidos. Percebemo-los muito melhor e agora temos mais um conjunto valioso de dados para analisar, mas temos de nos focar já em Baku».