A Renault reduziu substancialmente os prejuízos da equipa de Fórmula 1 em 2016 (a parte sediada em Enstone, Inglaterra), face ao que a Lotus apresentou em 2015, apesar dos avultados investimentos que fez para concretizar a reentrada na disciplina. Mas é curioso analisar os números para se perceber a tarefa hercúlea da marca francesa e compreender porque tem sido tão cautelosa e paciente no estabelecer de objectivos. São estas contas que nos mostram o «quadro» geral da difícil tarefa da equipa para regressar aos primeiros lugares.
Já foram por demais explicadas as razões porque a Renault regressou, no ano passado, de forma oficial como construtor de F1 e teve uma época tão discreta: a decisão tardia da compra da Lotus, o estado em que a equipa se encontrava de falta de investimento e a impossibilidade de projectar um carro a tempo, tendo de correr, basicamente, com o chassis de 2015 adaptado ao motor Renault explicou praticamente tudo. Além disso, herdou uma escuderia que fechara a época de 2015 com um prejuízo de 57 milhões de libras (66,5 milhões de euros ao câmbio actual)!
Em 2016, esse prejuízo foi reduzido para 3,3 milhões de libras (3,8 milhões de euros), apesar dos avultados investimentos na modernização das infraestruturas de Enstone (ainda não terminada) e na contratação de pessoal altamente especializado: o número de empregados subiu de 475 em finais de 2015 para 511 em finais de 2016, rondando actualmente os 600!
Ao mesmo tempo, a Renault aumentou em 52,7% a sua facturação, para 120 milhões de libras (140 milhões de euros), em grande parte devido aos novos contratos publicitários, mas beneficiando também de variações cambiais pela flutuação da libra, na sequência da vitória do «Brexit».
Reconhecendo o reduzido brilhantismo da sua presença nas pistas em 2016, o Renault Sport F1 Team assume o 5.º posto no Mundial de Construtores como o objectivo para este ano. Porque, como se vê, há ainda muita «casa para arrumar» e o R.S.17 foi apenas o primeiro chassis feito inteiramente pela equipa e ainda sem todas as condições instaladas.
De qualquer forma, têm-se notado algumas melhorias na forma dos carros amarelos e pretos, com Nico Hulkenberg a assumir claramente o papel de líder entre os pilotos. E a mostrar que pode ser ele a liderar a evolução da escuderia e a ser o tal piloto que a equipa francesa procurava para crescerem em conjunto, rumo às vitórias.
Talvez por isso tenha sido tão bem recebido e celebrado no seu recente périplo por França, por duas das mais emblemáticas e importantes instalações da Renault, com cujas fotos ilustramos este artigo: Hulkenberg, na companhia de Alain Prost, consultor da equipa de F1, visitaram o Technocentre onde são pensados os Renault de amanhã e, depois, estiveram em Flins, numa das principais unidades fabris da marca. Em ambas instalações tiveram autênticos banhos de multidão mas, nesta última, também tiveram de pôr à prova as suas capacidades… de operários!