Tal como se esperava, a Fórmula 1 continuará a usar motores híbridos V6 turbo de 1,6 litros de cilindrada para lá de 2020, ou seja, a partir de 2021 haverá novos grupos propulsores sujeitos a novas regras mas o conceito básico continuará a ser o mesmo actualmente em uso. Contudo, as novidades reveladas hoje são bastante interessantes e poderão resolver muitos dos problemas apontados quer pelos fãs, quer por eventuais novos construtores, interessados em entrar na F1.
Foi no final de mais uma reunião entre os chefes das equipas de F1 com representantes da FIA, da Liberty Media e de representantes de alguns construtores potencialmente interessados que foram revelados os contornos das novidades preparadas para 2021 e os anos seguintes. Não se foi, contudo, ao detalhe, até porque os trabalhos continuarão durante mais 12 meses para apurar aquilo que, para já, são apenas linhas mestras de um novo regulamento.
Uma das primeiras propostas é, mantendo os actuais V6 1.6 turbo híbridos – que já ultrapassaram os 50% de eficiência energética, algo de… «impossível» há muito pouco tempo! – libertá-los mais 3000 rpm, o que melhorará o som que é uma das grandes queixas dos fãs. Embora esta medida apenas vá aumentar o nível sonoro, sem alterar a qualidade do som que é outro dos lamentos…
Uma das reclamações por parte das equipas e construtores potencialmente interessados na F1 é a excessiva complexidade das mecânicas, levando à decisão de remover o MGU-H, o componente mais inovador destes motores que transformava a energia calorífica do turbo em energia eléctrica que injectava na bateria. Consta ser no MGU-H que reside um dos segredos para a superioridade do motor da Mercedes… Serão ainda impostos alguns parâmetros no «design» dos motores para «restringir os custos de desenvolvimentos e desencorajar projectos e condições de utilização extremos».
Sem MGU-H, haverá um MGU-K (recuperação da energia de travagem, o antigo KERS) mais potente que o actual (que está limitado) e cujo potencial será libertado pelo piloto, provavelmente através de um botão tipo «push to pass» já usado noutras disciplinas. A novidade é a possibilidade de acumular energia durante várias voltas – até aqui a energia acumulada tinha de ser gasta nessa volta, pois não continuava a acumular… –, para só a usar quando o piloto decidir, introduzindo um novo elemento de estratégia.
Haverá um único turbo, com dimensões regulamentadas e peso limitado. Tal como já sucede actualmente com o controlo electrónico do sistema híbrido que é «standard» para todas as equipas, também as baterias passarão a ser iguais. Por fim, será estudada uma regulamentação mais apertada no que aos combustíveis diz respeito, eventualmente com um limite no número de combustíveis usados ao longo de uma época.
Ross Brawn, da Liberty Media, enfatizou o facto de as negociações relativas aos motores de 2021 «serem um exemplo da forma como no futuro a FIA enquanto regulador, o detentor dos direitos comerciais, as equipas e os construtores trabalharão em conjunto para o bem do desporto». E acrescentou: «Esta proposta foi o resultado de uma série de reuniões realizadas ao longo deste ano com as actuais equipas e construtores que mostraram interesse em fazer parte do topo do desporto automóvel. Mas também ouvimos atentamente os desejos dos fãs, o que pensam dos actuais grupos propulsores e o que querem para o futuro, para chegarmos a regras que criem motores mais simples, mais baratos e mais barulhentos».