As formas como as equipas procuram contornar as pressões mínimas impostas pela Pirelli para a operação dos seus pneus – demasiado altas para o ideal comportamento dos monolugares, mas consideradas mais seguras – continuam na ordem do dia. Agora com a revelação, por parte da revista alemã «Auto Motor und Sport» de fotos que, alegadamente, mostram o truque usado pela Mercedes no último G.P. da Europa.
Já aqui tínhamos falado de um rumor que apontava como uma das formas de passar nas medições que a Pirelli faz das pressões ser aquecer exageradamente os travões, de forma a que esse calor passasse para o ar dos pneus, aumentando a sua pressão. Depois, quando o carro começa a rolar, o natural arrefecimento levava a que as pressões baixassem para níveis mais próximos dos desejados pelas equipas.
Isso era o que se dizia… Mas agora as fotos reveladas pela revista germânica, tiradas nas «boxes» de Baku antes dos mecânicos da Mercedes montarem as rodas, mostram uns dispositivos nos quatro cantos dos carros que servirão, alegadamente, para aquecer os eixos e travões a temperaturas extremas (200 ºC) que, depois, passam para os pneus, aumentando artificialmente a sua pressão para o mínimo exigido pela Pirelli.
Qual a vantagem para quem faz isto, em relação a quem não faz? Quando os carros começam a andar, a temperatura baixa rapidamente para os 100 ºC, o que significa que a pressão dos pneus baixará, pelo menos, 1 psi. O que, de acordo com os especialistas, valerá não só menos um décimo por uma volta no cronómetro como mais algumas voltas na durabilidade do pneu. Quem não usa aquela habilidade, terá de usar a pressão maior durante toda a prova, com a natural desvantagem…
A confirmar-se este truque, não se poderá falar em batota da Mercedes, já que nada no regulamento proíbe o aquecimento daqueles componentes e a equipa passa os controlos feitos pela Pirelli… Será mais um caso em que os engenheiros contornam de forma imaginativa uma regra, embora seja natural que, caso a FIA perceba que é exactamente isto que se passa, acabe por legislar a proibição de tais dispositivos.
A verdade é que os Mercedes apareceram em Baku – pista em que equipas e pilotos se queixaram da pressão mínima absurda de 22 psi imposta pela Pirelli – com uma vantagem inesperada sobre os adversários, mesmo se Hamilton não materializou, por culpa própria, essa superioridade num resultado melhor que o 5.º posto. Mas a «pole», a vitória, a volta mais rápida e, acima de tudo, o à-vontade com que Rosberg dominou em Baku deixam-nos de facto a pensar…
Pode ver aqui as fotos do Auto Motor und Sport.