Foram 28 pódios consecutivos para a Mercedes e 16 para Lewis Hamilton e, de repente, ambas as séries interrompidas com um domingo desastroso em que tudo correu mal à grande dominadora deste Mundial… «Tivemos mais incidentes nesta corrida que em toda a época, mas sabíamos que um dia chegariam…», comentou em tom filosófico o director desportivo, Toto Wolff.
Logo a abrir, e pela segunda corrida consecutiva, uma primeira linha deitada fora com péssimos arranques de Hamilton e Rosberg, embora este com a desculpa de estar do lado sujo da pista. Depois, um erro crasso do campeão do Mundo a despistar-se e a tentar deitar as culpas para cima do colega de equipa… Mais tarde, no recomeço da corrida, novo erro com um embate em Ricciardo que lhe valeu uma passagem pelas «boxes» de penalização! Mas, acima de tudo, assistiu-se com surpresa à incapacidade de Rosberg de dar luta aos Ferrari. «A Ferrari mereceu a vitória, fizeram partida sensacional e tiveram grande ritmo de corrida», admitiu Wolff.
Já os pilotos estavam inconsoláveis. Hamilton mostrava-se até incrédulo com o que se passara na pista em que ainda na véspera se dizia em casa: «Foi um dia horrível, uma tarde bem dura… Não me sinto nada aliviado com os pontos que somei e por ter ganho vantagem ao Nico porque foi de facto um dia muito mau. Estive um bocado perdido, não tenho palavras para explicar… Foi uma prestação muito má da minha parte, com erros um pouco por todo o lado, não sei se era falta de concentração. Sempre que havia duas opções parecia que escolhia sempre a errada».
E no exercício de auto-crítica, o campeão do Mundo não foi nada meigo: «Acho que posso aprender muito com esta corrida, foi uma das minhas piores actuações de sempre! Será que merecia marcar um ponto que fosse?... Felizmente que somei alguns, em grande parte graças à equipa que fez um trabalho fantástico, chamando-me às ‘boxes’ nas alturas certas. Acho que esta pausa vai fazer-me muito bem para voltar mais forte!»
Já Nico Rosberg chegou a ter uma chance de lutar pela vitória, após o período de «safety car», mas atrás de si estava Daniel Ricciardo com pneus mais rápidos, um carro muito equilibrado e cheio de vontade de atacar… «Estava tudo a correr bem e estava satisfeito com a corrida até à 64.ª volta… Mas o desporto, por vezes, é muito duro, perder todos aqueles pontos daquela forma…».
E explicou o toque com o Red Bull que lhe provocou um furo que o atirou de 2.º para 8.º: «Assumi que a curva era minha porque fiz a trajectória ideal, o Daniel travou tarde demais mas tinha a asa dianteira lá, acho que não houve culpa de ninguém... Mas a desilusão é tal que, por mim, corria já amanhã!».
No final, Niki Lauda tinha a sua habitual abordagem pragmática: «O Lewis foi demasiado agressivo e a Ferrari foi melhor, parabéns para eles. O resultado não foi bom para nós, mas é normal que isto suceda. Para mim, isto é que é o normal nas corridas, não é o que tem acontecido! Agora temos de reagir aos problemas e continuar a tentar vencer».
E como se a desgraçada corrida não fosse suficiente, a Mercedes recebeu ainda a visita de um cáustico Bernie Ecclestone que nunca perde a oportunidade de pisar quem está na mó de baixo. Chegou à «box» e disse a Toto Wolff: «Vinha só para vos agradecer. Mas acho que também foram um bocado longe demais no esforço de tornar as coisas mais interessantes!».