Mais um Grande Prémio se passou, uma nova e excitante luta entre Mercedes e Red Bull se desenha, estamos perto a completar o primeiro terço do Mundial de Fórmula 1 – no Canadá, dentro de menos de duas semanas – e… afinal onde anda a Ferrari que tanta luta prometia, este ano, à equipa bicampeã do Mundo?!
O Ferrari SF16-H que corre em 2016 é, claramente, um carro rápido, mas não parece ao nível nem do conjunto do Mercedes W07, nem do soberbo chassis do Red Bull RB12 que, para mais, recebeu agora uma evolução do motor Renault que parece ser importante passo em frente. Já em Espanha a Scuderia fora surpreendida pelos dois Red Bull na qualificação e, depois, não conseguiu ganhar a corrida em que os Mercedes se auto-eliminaram.
No Mónaco, o carro italiano chegou a mostrar-se capaz de lutar pelos primeiros lugares mas, na qualificação, a equipa «baralhou-se» com as afinações deixando Vettel à beira de um ataque de nervos. «Não fizemos um bom trabalho, tivemos a possibilidade de entrar na luta pela ‘pole’, mas não conseguirmos extrair o melhor de nós próprios!», resumia o alemão. «O carro é rápido, sem dúvida, e não houve nada que os que estão à nossa frente tenham feito que nós não pudéssemos ter feito. Mas não o fizemos…».
Na corrida, a história foi diferente mas a Ferrari voltou a falhar! Com Raikkonen parece não poder contar, o finlandês bateu logo no início. Mas Vettel acabou batido por Sergio Perez num Force India na corrida a um lugar no pódio e, diz o alemão, por culpa própria ao perder muito tempo atrás de Massa, após a primeira paragem nas «boxes»: «Tenho de pedir desculpa porque devia tê-lo conseguido passar rapidamente e foi esse tempo perdido atrás dele que nos tirou o pódio. Mas a pista estava tão escorregadia que era muito fácil errar e bater no muro».
A verdade é que já lá vão seis corridas e vitória nem vê-la… Em 2015, por esta altura, a Ferrari tinha uma vitória, 158 pontos e o 2.º lugar do Mundial confortável. Agora, não tem nenhum triunfo, 121 pontos e a Red Bull a apenas 9 pontos do seu 2.º posto. «A vitória não aparece? Não quero ser pessimista porque estamos apenas na sexta corrida e faltam muitas outras», comenta Vettel que avisa: «Há que respeitar o projecto, pois nenhuma outra equipa enfrentou tantas e tão profundas mudanças na sua estrutura como a Ferrari nos tempos mais recentes».
A questão é que, neste último mês e meio, a Scuderia parece ter parado ou evoluído muito lentamente, enquanto os rivais (leia-se Mercedes e Red Bull) aceleraram os seus desenvolvimentos. E é difícil não ligar esta evidência a um episódio trágico do foro íntimo ocorrido com o grande aglutinador de todas as forças da Scuderia, o director-técnico James Allison. Foi dele a responsabilidade do «renascimento» verificado durante a época de 2015, pela forma como pôs todos os departamentos técnicos a trabalhar em conjunto e pelos conhecimentos com que liderou todo o projecto. O que só poderia resultar em grandes evoluções para este ano, como as primeiras corridas confirmaram.
No regresso do G.P. do Bahrain, Allison enfrentou o terrível choque do falecimento súbito da mulher, com uma meningite fulminante. Natural e compreensivelmente, o técnico britânico terá estado desligado durante algum tempo do seu trabalho e toda a Scuderia parece ter perdido um pouco o norte, pela falta do líder que aglutinava todas as forças. E sabe-se como a Ferrari é uma equipa extremamente sensível à falta de uma direcção forte que mostre de forma inequívoca a direcção a seguir.
Poderá residir aí a explicação para o abaixamento de forma e, em especial, para os pequenos erros que têm impedido os pilotos da Scuderia de materializar em resultados a inegável competitividade do seu monolugar. «O ambiente na equipa é óptimo, apenas tivemos um par de corridas em que podíamos ter andado melhor e em que não estivemos ao nosso nível ideal», resume Vettel, quase confirmando esta explicação para a crise da Scuderia. Que se antevê passageira!