Era um dos carros mais aguardados, juntamente com o Red Bull RB13 que apenas será revelado no domingo, e foi sob forte ventania e com a pista molhada que o novo F1 da Mercedes fez a sua estreia e se mostrou ao Mundo, pronto a conquistar o quarto título consecutivo. Com algumas diferenças visíveis face aos monolugares já conhecidos e uma novidade na designação: aquele que se esperava ser o W08 Hybrid vai, afinal, chamar-se W08 EQ Power+!
A própria decoração faz referência a essa mudança de nome, com as linhas azuis… luminescentes a percorrerem o carro de meio para a frente. Não é apenas uma questão estética, mas uma ligação à EQ, a submarca que a Mercedes criou para a futura gama de automóveis 100% eléctricos! «É a imagem da nova marca da Mercedes, a EQ, e vamos tê-la no carro com muito orgulho», referiu Toto Wolff, director da equipa. «Haverá sempre sinergias entre os carros de competição e os de estrada, há transferências de ‘know-how’ em ambas as direcções, já tivemos soluções vindas de Estugarda e isso é óptimo».
Apesar da intempérie, as notícias foram boas para a equipa tricampeã do Mundo, com Lewis Hamilton a percorrer várias voltas para filmagens sem conhecer qualquer problema. «Pôr o carro a andar pela primeira vez e não ter problemas, num ano em que as regras mudaram tão profundamente só pode ser um bom sinal», dizia, animado, Toto Wolff que não se mostra nervoso pela situação de ter de defender os três títulos conquistados de forma consecutiva: «Não há qualquer pressão, o que há é um enorme entusiasmo! As regras mudaram, entrámos numa nova era e há sempre a possibilidade de alguém ter encontrado algo que possa fazer a diferença. Só espero que tenhamos sido nós!».
O Mercedes W08 EQ Power+ tem, de facto, algumas diferenças em relação aos quatro monolugares conhecidos até agora (Williams, Sauber, Renault e Force India). As mais visíveis são a «barbatana de tubarão» diminuta, quase inexistente, e o nariz arredondado, sem qualquer protuberância. Como dizia Bottas: «Do que eu gosto no carro é como parece tão ‘limpo’ visualmente mas, ao mesmo tempo, tem tantos detalhes, na parte de trás, na asa dianteira, os painéis laterais!». A equipa não fecha, contudo, a porta a uma evolução aerodinâmica que a leve a experimentar uma «barbatana» de maiores dimensões.
Já Lewis Hamilton dizia-se impressionado com a forma como, de repente, lhe apareceu um belíssimo carro à frente… «É fantástico ver o carro completo! Vi-os trabalhar no túnel de vento, depois num banco de ensaios, mas sem nunca perceber bem como era o carro. E, nos últimos dias, vê-los a montá-lo, cada peça a aparecer dos mais diversos departamentos e a completar-se é incrível».
As voltas feitas hoje não lhe permitiram, obviamente, aperceber-se de quase nada do que representam estes novos carros de F1, pelas condições atmosféricas e pela tarefa a desempenhar: «Isto não era um teste, as voltas que fiz foram atrás de um carro para filmar. E foi um ‘shakedown’, voltas lentas para ver se carro funciona. Ainda tentei acelerar o ritmo, mas o vento era tão forte que não era possível. Mas sentimos que temos… uma besta mais poderosa à nossa volta, sem dúvida!».
Valtteri Bottas ficou com a tarde reservada para o momento mais alto da sua carreira até agora: «Agora já me parece real! O carro está aqui e vou poder guiá-lo, é fantástico, tão bonito. É um grande dia para mim porque não só é uma nova era da F1 como vou poder guiar uma ‘Flecha de Prata’ pela primeira vez! Espero por este momento há muito tempo, depois de tanto trabalho feito com os engenheiros nestas últimas semanas…», referiu o finlandês que se diz mais preparado que nunca!
O trabalho a sério começará, contudo, na segunda-feira, em Barcelona. E, tratando-se de carros totalmente novos, muito mais rápidos que os do ano passado e com níveis de aderência muito mais alargados, Lewis Hamilton antecipa o que terão de fazer: «Encontrar os limites do carro vai ser a grande questão, bem como os limites dos pneus e onde é que os ultrapassamos. Esse é um caminho que teremos de percorrer o mais depressa possível e perceber como utilizar os pneus, quantas voltas irão durar», explicou o tricampeão do Mundo que deixou uma antevisão do que serão os testes de Barcelona: «Grande parte dos dias iremos fazer simulações de corrida para compreendermos como tudo isso funciona».