A cada 14 de Agosto é dia de homenagem em Maranello e, hoje, assinalam-se os 28 anos sobre o desaparecimento do lendário Enzo Ferrari, aos 90 anos. Grande piloto da Alfa Romeo, primeiro, mítico chefe de equipa daquela marca depois, até ao eclodir da II Guerra Mundial, viria a tornar-se mundialmente famoso ao fundar a sua própria marca que se tornou numa das mais conhecidas em todo o Mundo. Não só pelos veículos desportivos que construiu mas, sobretudo, pelos inúmeros sucessos desportivos do «cavallino rampante» da sua Scuderia.
Líder incontestável e incontestado, punha a sua marca acima de tudo, chegando mesmo a embirrar com pilotos que davam demasiado nas vistas, arriscando-se a «ofuscar» o «cavallino». Um exemplo? Reconhecendo-lhe a genialidade, nunca foi um grande fã de Juan-Manuel Fangio… O seu piloto de todo o sempre foi Tazio Nuvolari, o seu «filho» nas pistas foi Gilles Villeneuve. Mais um filho que perdeu em vida, depois de ter ficado sem o seu adorado Dino, vítima de doença degenerativa aos 24 anos (distrofia muscular), quando tanto prometia a nível da evolução tecnológica dos modelos da Ferrari…
«A sua determinação para enfrentar os muitos desafios da sua vida, a coragem para correr riscos e remar contra a maré, a curiosidade ávida que o levou a inovar continuamente são apenas alguns exemplos do seu espírito que ainda hoje guiam quem trabalha na Ferrari», recordou Sergio Marchionne, actual presidente da Ferrari..
E Marchionne não esqueceu a grande paixão de Enzo Ferrari, a competição: «Se ele estivesse aqui connosco partilharia o espírito lutador com que trabalhamos diariamente para repor a Scuderia no topo. Ele é um legado importante, nunca um fardo pesado, desde que encarado com a mesma paixão e o desejo de superação que caracterizou toda a sua vida».
Mauro Forghieri, engenheiro que trabalhou longos anos com Enzo Ferrari, em especial na equipa de Fórmula 1, nunca se esqueceu de uma característica única: «Ele sentia as coisas, era algo que nos chegava a irritar. Nós fazíamos cálculos sobre cálculos e esforçávamo-nos que nem loucos para fazer as coisas funcionarem, às vezes um pistão, uma cambota. E ele olhava e dizia ‘vão ver que não vai dar’. Tanto desejava que ele se enganasse mas, pelo contrário, a maior parte das vezes acertava!».
«Havia um lado dele menos conhecido, reservado para os seus, um lado generoso e compreensivo que me transmitiu a cada momento. Só espero viver sempre ao nível dos preciosos princípios que ele me ensinou», homenageou Piero Lardi Ferrari, o seu outro filho, nascido fora do casamento e actual vice-presidente da companhia.
Também ligada ao falecimento de Enzo Ferrari há uma daquelas histórias que parece não terem explicação… A época de 1988 foi a do total domínio dos McLaren/Honda de Senna e Prost (15 vitórias em 16 corridas) e terrível para a Ferrari, só com 6 pódios em 11 corridas. Pois, cerca de um mês depois da morte do «Commendatore», quando a Fórmula 1 chegou a Monza, a casa da Ferrari, a Scuderia obteve as duas primeiras posições, com vitória de Berger e 2.º lugar de Alboreto! Como se Enzo Ferrari estivesse a comandar as operações desde lá de cima…