Michael Schumacher tentou liderar um movimento de pilotos para boicotar o G.P. dos Estados Unidos de 2001 que se realizou em Indianápolis, poucas semanas depois do 11 de Setembro. Esta é uma das revelações da autobiografia do antigo presidente da FIA, Max Mosley, no original intitulada «Formula One and Beyond». «Pressionou toda a gente para não correrem em Indianápolis por recear algum incidente», recordou Mosley.
O livro é recheado de memórias e histórias curiosas. Algumas divertidas, como os festejos do título de 1976 de James Hunt, no Japão, em que o muito champanhe e vinho levou os presentes a organizar um concurso a ver quem conseguia manter uma conversação telefónica com um local por mais tempo… Mas também recordações tristes, como a morte de Jim Clark numa corrida de F2 ou, pior ainda, ter de informar o pai de Roger Williamson que estava nas «boxes» de Zandvoort, em 1973, do estado terminal do seu filho que acabaria por falecer.
Mosley revisita inúmeras controvérsias, desde que liderava a equipa March até ter chegado aos comando da FIA, passando pela fase em que fez dupla com Bernie Ecclestone para impor a associação das equipas (FOCA) nas difíceis negociações como presidente da federação de então, a FISA, Jean-Marie Balestre. «O Balestre tinha uma lista das equipas que não alinhavam com ele. Eu consegui dar um encontrão na mesa, o papel caiu e o Bernie apanhou-o. O Balestre só gritava ‘bolas, a minha lista, onde está a lista?’ e nós ajudávamos a procurá-la mas já o Bernie a tinha no bolso!».
Entre muitas polémicas que teve de enfrentar enquanto esteve à frente da FIA – e Mosley era perito em criá-las! – a que lhe ficou «atravessada» foi a utilização ilegal do controlo de tracção pela Benetton em 1994, no primeiro título de Michael Schumacher. Os comissários só o conseguiram provar já no fim do ano, mas a equipa defendeu-se dizendo que o sistema estivera desligado o tempo todo… Mosley conta que, no G.P. de San Marino a FIA pediu todo o «sotware» da equipa para ser verificado. «Infelizmente, com toda a confusão desse fim-de-semana desastroso [mortes de Ratzenberger e Senna], cometi o erro de autorizar a sua devolução à equipa antes de estar totalmente examinado».
Com longas décadas dedicadas ao desporto automóvel, Max Mosley tem interminável rol de histórias para contar e esta autobiografia é um manancial de episódios desconhecidos mais muito esclarecedores de como funcionam os bastidores da Fórmula 1!