Apesar das muitas vozes a pedir alterações aos correctores do Red Bull Ring em nome da segurança – responsabilizados por diversas quebras de suspensões e de algumas derivas de asas dianteiras durante os treinos –, a FIA decidiu não atender as reclamações, mantendo-os como estão.
A decisão foi tomada por Charlie Whiting após uma inspecção da pista, juntamente com o presidente da Associação de Pilotos, Alex Wurz, o responsável técnico da Mercedes, Paddy Lowe, e Daniil Kvyat, vítima do mais espectacular dos acidentes alegadamente causados por quebra de suspensão pelos correctores. Whiting mostrou que os correctores em causa são os mesmos usados noutras pistas mas que, no Red Bull Ring, os pilotos estão a ir longe demais na sua utilização, tendo decidido não os alterar.
Já na sexta-feira Max Verstappen tinha perdido peças do Red Bull nos correctores, mas ontem foi o pior dia com quebras da suspensão nos carros de Rosberg, Perez e Kvyat. Perez não se despistou mas nem fez o Q2 quando tinha carro para lutar pelos primeiros lugares da grelha. Para a edição deste ano, foram acrescentados uns correctores amarelos mais protuberantes para lá dos normais vermelhos e brancos em três curvas para evitarem que os pilotos as cortassem, mas nem foram esses a causar os problemas…
«O que nos preocupa é o que o meu incidente deu-se em cima do corrector normal e com vibrações invulgares, nunca vistas, para as quais o carro não foi projectado», explicou Nico Rosberg que se despistou quando a suspensão traseira do seu Mercedes quebrou. «Detectámos uma estranha frequência ou oscilação no pneu que fez com que a suspensão partisse, não sabemos o que é mas parecem ser os correctores vermelhos», explicou Toto Wolff, enquanto a Mercedes reforçava os braços da suspensão.
Daniil Kvyat era o mais revoltado, em especial depois de ver, em câmara lenta, que o embate lateral de uma roda traseira do seu Toro Rosso no corrector tinha até tirado o pneu da jante! «Deviam tirar aquele corrector, é estúpido! Há um ano tínhamos o Astroturf [uma espécie de alcatifa] naquele ponto, o que era eficaz porque nos fazia perder tempo. Agora, subimos o corrector, não perdemos tempo mas podemos partir a suspensão…».
Entre as várias vozes contra os correctores, também havia visões diferentes e… mais pragmáticas. «Eu perdi uma parte da asa dianteira, mas os correctores estão lá para que não os subamos em demasia, como um muro ou uma vala, e se o fazemos é um erro nosso», comentou Fernando Alonso. «Estão ali por alguma razão e só temos de nos manter uns metros afastados».
Daniel Ricciardo quase repetia as palavras do asturiano: «Olho para eles como se fossem uma parede. Sei que se lhes tocar vou estragar o carro. Há muitos circuitos modernos em que nos queixamos de que o piloto que sai da pista não paga o preço justo pelo erro que cometeu, é o que acontece aqui. Claro que os danos são elevados, mas é o que sucede numa pista citadina, eu também arranquei a traseira do meu carro em Baku…».
Como sempre, vários pontos de vista sobre a mesma questão. Mas a FIA teve a última palavra que é: os correctores não mexem, os pilotos que se mantenham nos limites do asfalto se não querem estragar os carros. Afinal, é o que fazem no Mónaco, Baku ou Singapura!