A FIA acabou com aquela situação unanimemente aceite como ridícula de pilotos a acumularem 40 e 65 lugares de penalização na grelha de partida, pelo uso excessivo de componentes dos grupos propulsores. Mas pode ter aberto uma «caixa de Pandora» que comprometerá a sua posição inflexível de limitar a três o número de motores para toda a temporada de 2018.
O Conselho Mundial aprovou uma nova norma que diz que quem acumule mais de 15 lugares de penalização – o que corresponde à troca mínima de três componentes, além do número permitido – terá sempre de largar do final da grelha, independentemente da penalização que deveria acumular. E, no caso de haver vários pilotos nesta situação, vão ficando à frente na grelha os que tiverem penalizado primeiro, ou seja, uma grelha formada por ordem cronológica das penalizações…
Recorde-se que, em 2018, o limite dos motores é de três para 21 corridas, mas apenas relativo ao V6, ao turbo e ao MGU-H, sendo de apenas dois para o MGU-K, bateria e comando electrónico. A questão que aquela decisão abre é a de uma utilização de muito mais motores que a desejada pela FIA e até que a vista este ano… Por um motivo simples: para todos os efeitos, trocar três componentes ou montar um motor totalmente novo tem precisamente o mesmo «custo».
E se uma equipa das da frente avisar logo à quinta-feira que vai montar o quarto motor da época, já numa fase avançada do Mundial, «arrisca-se» até a largar uns bons lugares acima do fundo da grelha… porque penalizou primeiro que outras que encontrarão problemas ao longo dos treinos. Que não haja dúvidas, esta regra tem a vantagem de acabar com os «milhentos» lugares de penalização que levavam à chacota na F1, mas há-de ser explorada pelas equipas em seu proveito!
Mas o Conselho Mundial tomou outras decisões, embora a FIA não as tenha especificado de forma detalhada, apenas as apontando como tópicos. Vai haver alterações nos horários dos Grandes Prémios, pequenos ajustamentos para os tornar mais flexíveis, correspondendo a um desejo da Liberty Media para aumentar as experiências fora das pistas viradas para os fãs. Serão mudadas as localizações das câmaras e dos retrovisores, para a colocação do Halo.
Haverá alterações no regulamento técnico para que o óleo não possa se usado como combustível, sendo ainda introduzido um óleo com uma determinada especificação. Passará a haver um volume e peso mínimos para as baterias. As demonstrações com carros mais antigos estão agora limitadas a 50 km e com pneus específicos. Além disso, se uma equipa quiser fazer testes com um monolugar mais antigo (a Renault e a Williams fizeram-no com Kubica), terá de usar uma pista homologada com o Grau 1 ou 1T da FIA. O que o Estoril só tem garantido até ao final deste ano…