As punições a Sebastian Vettel no G.P. do México poderão não se ficar apenas pelos 10 s de penalização e os dois pontos na superlicença. O alemão poderá, em caso extremo, ser até suspenso por uma corrida, depois de ter insultado o director de prova, Charlie Whiting, o que, a suceder, deixaria a Ferrari numa situação muitíssimo complicada para o G.P. do Brasil. E parece que a FIA se vai mesmo debruçar sobre o caso!
Vettel seguia atrás de Verstappen já depois de o holandês ter «atalhado» a pista para defender a posição, estando o alemão furioso por o piloto da Red Bull não só não lhe dar o lugar, como o estar a atrasar para que Ricciardo o apanhasse. Numa troca de impressões irada com o seu engenheiro, quando este lhe disse que o director de corrida Charlie Whiting estava a analisar a situação, Vettel perdeu as estribeiras e gritou pelo rádio: «Sabes que mais? Olha a minha mensagem para o Charlie: vai-te f…! Sinceramente, vai-te f…!».
Assim que saiu do carro, Vettel foi de imediato ter com Charlie Whiting apresentar as suas desculpas pelo que dissera. [Actualização: depois disso, no dia seguinte à corrida, o piloto alemão escreveu cartas, tanto à FIA como pessoalmente a Whiting, com pedidos formais de desculpa pelo seu comportamento nas comunicações via rádio, nas últimas voltas da corrida]
Mas isso pode não ser suficiente… Consta que Jean Todt, presidente da FIA, ao ver a corrida considerou aquela atitude inaceitável e pediu que fossem tomadas medidas. Nomeadamente à luz do artigo do Código Desportivo que impede os praticantes de terem atitudes que possam denegrir o desporto, em especial o ponto «12.1.1.f»: «Quaisquer palavras, atitudes ou escritos que causem danos morais ou perdas para a FIA, os seus órgãos, os seus membros ou os seus dirigentes».
Segundo se disse, Jean Todt terá equiparado as palavras de Vettel a um insulto ao árbitro no futebol. Opinião corroborada pelo antigo director do piloto alemão na Red Bull que vê nas frequentes comunicações rádio insultuosas do piloto – ainda num treino tinha chamado «idiota» a Alonso… – sinais de descontentamento face ao que se passa na Ferrari. «Ele nunca teve comportamentos destes… Mas num desporto, se há coisa que não se possa fazer é insultar o árbitro, ficarei surpreendido se ele passar incólume».
A partir daqui há duas hipóteses: ou Whiting (e a FIA) considera o pedido de desculpas suficiente para sanar o ocorrido, embora arriscando a enviar uma mensagem de algum laxismo ao pelotão…; ou a FIA opta pela linha dura e decide punir o alemão, podendo ir desde uma reprimenda ou uma multa até uma corrida de suspensão, com ou sem pena suspensa.
Caso a decisão seja a pior de todas e a FIA, para dar o exemplo do que os pilotos não podem mesmo fazer – afinal é a autoridade do director de prova que acaba por estar em causa… –, suspenda efectivamente Vettel por uma corrida, já no Brasil, a Ferrari fica com um problema tremendo entre mãos. Quem guiará o seu carro?!
O piloto de reserva, Jean-Eric Vergne, nunca guiou o SF16-H mas esse nem é um problema porque, simplesmente, o francês não poderá estar em São Paulo: esse fim-de-semana coincide com a segunda corrida da Fórmula E, em Marraquexe, em que Vergne terá de correr pela DS Virgin Racing. Sobrar-lhe-ia o monegasco Charles Leclerc que rodou, este ano, num dia de testes em Silverstone, mas não tem qualquer experiência de corridas de F1…
Este é, contudo, um cenário extremo e, mesmo que a FIA vá pela via mais dura, é provável que a corrida de suspensão seja aplicada com pena suspensa. E, aí, é melhor a Ferrari manter o rádio de Vettel… desligado!