Com o moral em alta pela vitória alcançada na Hungria, a Ferrari chega a Spa-Francorchamps em tempo de comemoração, já que fará, na pista belga, o 900.º Grande Prémio da sua história na F1 que começou logo no primeiro ano do Mundial, em 1950. Por agora, em 899 corridas, tem 223 vitórias, 207 «pole positions», 232 melhores voltas e 688 pódios, tendo conquistado 15 títulos de Pilotos e 16 de Construtores.
A marca, ainda em fase de crescimento, não teve disponibilidade financeira suficiente para se deslocar a Inglaterra, para a abertura do novo Mundial de F1, em Silverstone. Mas apresentou-se na segunda corrida, no Mónaco, conseguindo logo o primeiro pódio, com Alberto Ascari (2.º). Rapidamente começou a construir uma história de sucessos, estreando-se a vencer logo no ano seguinte, com três êxitos.
Curiosamente, a equipa italiana raramente teve sucesso nestas datas comemorativas, só conseguindo vencer quando assinalou o 100.º Grande Prémio, com John Surtees a levar o modelo 156/63 (segunda foto) ao triunfo no «Inferno Verde», o grande Nürburgring onde se disputava o G.P. da Alemanha. O seu colega de equipa, Willy Mairesse, desistiu por acidente. Mas vejamos os restantes marcos comemorativos:
200.º GP No G.P. do Brasil de 1973, em Interlagos (Rio de Janeiro), Arturo Merzario fez uma fabulosa recuperação do 17.º lugar da grelha até ao 4.º posto final, com o 312 B2, passando mesmo o seu colega de equipa, Jacky Ickx, que terminou no lugar seguinte.
300.º GP Na pista de Zandvoort, perto da praia, no G.P. da Holanda de 1979, Jody Scheckter tripulou o 312 T4 até ao 2.º lugar, a caminho do seu único título mundial. O companheiro de equipa, Gilles Villeneuve, teve um furo, fazendo quase uma volta inteira em três rodas para abandonar.
400.º GP Nas ruas de Detroit realizou-se o G.P. dos Estados Unidos de 1986, com Michele Alboreto a conseguir um 4.º lugar, aos comandos do F186, enquanto um problema de alternador afastou Stefan Johansson.
500.º GP Ivan Capelli conseguiu levar o pouco competitivo F92A até ao 6.º lugar no G.P. da Hungria de 1992, enquanto Jean Alesi abandonou com problemas de motor.
600.º GP Duplo abandono no tão famoso como acidentado G.P. da Bélgica de 1998, com aquela partida com uma carambola que envolveu 13 dos 22 carros. Quando foi retomada, sempre sob chuva e com péssima visibilidade, Michael Schumacher acertou na traseira do McLaren de David Coulthard, levando o F300 até às «boxes» apenas em três rodas. Eddie Irvine desistiu com avaria no motor.
700.º GP A prova de que a Ferrari nada «quer» com este tipo de comemorações… No ano em que a Scuderia «esmagou» a F1, com o F2004 a ganhar 15 das 18 corridas, falhou precisamente a vitória no Grande Prémio n.º 700 e logo na pista favorita de Schumacher! Mas um tal… Raikkonen impôs o McLaren/Mercedes e estragou a festa aos italianos.
800.º GP Numa prova sem história, apesar de a História estar bem presente nos F10 vermelhos, Felipe Massa e Fernando Alonso foram 7.º e 7.º, respectivamente, no G.P. da Turquia de 2010.
O ambiente não será, contudo, apenas de festa, pois há um reverso da medalha que poderá manchar a comemoração, já que o G.P. da Bélgica arrisca-se também a igualar… um recorde negativo: se não conseguir a «pole position» repete a sua maior série de corridas sem largar da primeira posição da grelha, 59 corridas!
Foi o que sucedeu entre os G.P. de Espanha de 1990 e da Grã-Bretanha de 1994 e, agora, desde o G.P. da Hungria de há três anos. E porque nas duas corridas anteriores Alonso conseguira duas «poles» tirando partido de condições mistas da pista que são sempre uma lotaria. Porque senão a última «pole» dataria de Singapura-2010…