Sergio Marchionne, presidente da Ferrari, já se encontrou com Chase Carey, o novo homem forte da Fórmula 1, presidente executivo da Liberty Media e, dentro em breve, do Formula One Group que passará a pôr e dispor em toda a parte comercial da disciplina. E já fez saber que a Ferrari só estará interessada em investir na F1 se souber claramente quais os planos que existem para lá de 2020 já que, até essa data, não espera que nada mude. Nomeadamente o chorudo bónus exclusivo a que tem direito anualmente!
Embora numa primeira fase as equipas tenham mostrado pouco interesse em tornar-se accionistas do Formula One Group, a Liberty Media tem reservadas 19 milhões de acções até Junho próximo para se os principais «actores» da disciplina mudarem de ideias. E a Ferrari até parece ser a que está mais próxima de avançar com um investimento na Fórmula 1, mas Marchionne foi bastante claro no que estará a travar a marca italiana.
«Estamos em negociações com a Liberty e o maior problema nem é a questão do investimento, isso é o que fazemos no nosso dia-a-dia e de forma séria. Aqui o problema é que os Acordos da Concórdia expiram em 2020 e tornarmo-nos accionistas sem direito a voto numa entidade que, efectivamente, nos manteria presos sem sabermos o que se prepara para 2021 e anos seguintes parece-me algo muito pouco prudente…».
As palavras de Marchionne parecem fazer todo o sentido e a Ferrari dá, assim, o «pontapé de saída» para uma clarificação que é necessária quanto ao que se passará depois de 2020… mas que dificilmente surgirá até Junho. «Precisamos de saber o que acontecerá depois de 2020 e o que poderá a Ferrari retirar do seu envolvimento na F1», disse o presidente da marca do «cavallino». «Assim que isso estiver clarificado, será muito mais fácil tomar uma decisão quanto a um eventual investimento».
Uma das principais questões em discussão é a divisão dos dinheiros entre as equipas de F1, com a Liberty Media a anunciar uma distribuição mais equitativa, tendo até falado na possibilidade de acabar com o bónus (cerca de 75 milhões de euros anuais) que a Ferrari recebe por ser a única equipa que está envolvida na F1 desde o arranque do Mundial… Marchionne é muito claro: «Não haverá alterações aos contratos estabelecidos entre a F1 e a Ferrari até 2020. Foi assunto de que nem se falou e seria pouco razoável levantá-lo».
E o presidente da Ferrari concluiu com uma visão geral do que poderá ser o caminho a trilhar pela F1 nos próximos anos: «Espero que seja melhor já em 2017, construindo uma base sólida para garantir o nosso envolvimento futuro e para acordos pós-2020. Espero que a Liberty e o Chase em particular tenham percebido que o lado do entretenimento tem de regressar. Não podemos continuar a envolver-nos num desporto que perdeu audiências por diversas razões, temos de voltar a popularizá-lo e torna-lo mais acessível».