A Ferrari surpreendeu toda a gente no arranque do terceiro dia de testes em Barcelona, ao apresentar o SF16-H de Kimi Raikkonen equipado com o proposto sistema de protecção do «cockpit» que se diz vir ser obrigatório em 2017. A estrutura inicialmente proposta e, depois de vários testes comparativos levados a cabo pela FIA, aceite como sendo a melhor solução para proteger a cabeça dos pilotos.
O sistema, referido como halo (sinónimo de auréola…), foi montado apenas na volta de instalação, dando a ideia de que foi apenas um exercício de exibição a pedido da FIA, testando as reacções… Até porque a estrutura definitiva, se vier a ser aprovada, não há-de ser tão rápida de montar e desmontar, devendo ser bastante mais solidamente presa ao chassis. Martin Brundle, comentador da Sky Sports, largou um sugestivo «ainda é mais feito do que eu temia»!
Já a Force India enveredou pelo lado humorístico, publicando na sua conta de Twitter: «Vimos o carro do Kimi com o Halo e o carro do Kvyat com a enorme rede de sensores e sentimo-nos mal porque ninguém nos avisou que hoje era o dia dos apêndices divertidos!».
Esta protecção de cabeça recebeu o apoio claro de Alexander Wurz, presidente da GPDA (a associação de pilotos), mas a sua adopção já foi criticada por vários dos pilotos em actividade. Uma das vozes que se levantou, embora não estando na F1, foi a do português António Félix da Costa, defendendo que os monolugares deveriam manter-se com os habitáculos abertos.
Mais recentemente, Nico Hulkenberg teve uma abordagem mais concreta, ao recusar este tipo de protecções, cujo aparecimento tão repentino se deveu ao acidente que vitimou Justin Wilson, numa oval nos Estados Unidos, quando foi atingido na cabeça por uma peça grande de um carro que batera no muro. «Penso que estas protecções podem fazer sentido nas corridas americanas, quando andam entre muros», explicou Hulkenberg. «Na F1, com as enormes escapatórias que temos, a probabilidade de uma coisa daquelas suceder e de sermos atingidos por detritos de outro carro é muitíssimo mais baixa».
Resta agora ouvir, quando os testes pararem, o que Raikkonen terá a dizer acerca dos problemas de visibilidade que a estrutura poderá colocar. Mas até nisso a FIA parece ter sido cuidadosa, arranjando logo um piloto… que nunca tem muito para dizer.