O esclarecimento emitido pela FIA logo após o G.P. do Canadá em que voltava a recordar as equipas de que era expressamente proibido injectar óleo na gasolina a queimar nos motores, de forma a aumentar as prestações poderá estar na origem da quebra da Ferrari na qualificação em Baku. E tudo por causa de uma junção de forças Mercedes-Red Bull com ar de… ajuste de contas!
Não passou despercebido o facto de, subitamente, a diferença entre a Mercedes e a Ferrari ter voltado a aumentar substancialmente na qualificação, no último Grande Prémio… Se antes Vettel e Raikkonen se batiam com Hamilton e Bottas pela «pole», em Baku não só não tiveram a mínima hipótese como ficaram a cerca de um segundo de distância! Diferença que se esbateu na corrida, com Vettel a andar praticamente ao mesmo ritmo de Hamilton…
Logo surgiu a explicação de que, na qualificação do Azerbaijão, a Ferrari já não pôde usar o sistema de injecção de óleo na gasolina que garantiria uma combustão de enorme eficácia e com um acréscimo de potência que, segundo estimativas pouco rigorosas, poderia atingir os 20%! Esse óleo estaria num pequeno depósito suplementar, tendo especificações diferentes das do usado para a lubrificação e só seria usado na volta de qualificação.
«A culpa é de um senhor de cinzento que antes se vestia de vermelho», deixou escapar… «sem querer» Christian Horner, director da Red Bull, numa referência clara a James Allison que foi director-técnico da Scuderia até aos primeiros meses de 2016 e que, já este ano, substituiu Paddy Lowe na Mercedes. Allison estará ao corrente do conceito genérico do SF70H que, segundo já foi revelado por Toto Wolff, começou a ser trabalhado em Dezembro de 2015, sabendo por isso bastantes coisas daquele projecto.
Além disso, um pedido de esclarecimento à FIA por parte da Ferrari, antes da temporada se iniciar, em que pretendia saber se se podia usar mais que um tipo de óleo no motor deixou também a Red Bull em «alerta máximo». Também a Mercedes era suspeita de utilizar este subterfúgio de injectar óleo na gasolina mas tudo indica que o terá abandonado, até porque terá alinhado com a Red Bull para obrigar o actual responsável técnico da FIA, Marcin Budkowski, a emitir esta segunda nota a recordar aquela proibição e a avisar que tudo seria verificado…
Este fim-de-semana poderemos tirar a limpo se a diferença se mantém entre a Mercedes e a Ferrari, se bem que tenhamos de analisar disparidades de tempos muito menores, já que no Red Bull Ring teremos as voltas mais curtas da temporada…
Esta união pontual entre a Mercedes e a Red Bull para impedir a Ferrari de usar um dos seus truques para recuperar o terreno face aos motores alemães também pode ser visto como um ajuste de contas face à Scuderia. Foi um pedido de esclarecimento à FIA, por parte da Ferrari, em finais do ano passado, que impediu aquelas equipas de utilizarem os sistemas de suspensão que estavam a preparar: acumulavam energia nas travagens e curvas, libertando-a depois e levantando a frente do carro nas rectas, permitindo que os carros usassem um «rake» (inclinação entre frente e traseira) que os tornaria mais eficazes em curva…