A Renault promete importantes avanços em termos de «performance» nos seus motores, tanto na equipa oficial como nas que fornece (Red Bull e Toro Rosso), não pela introdução de evoluções nesse sentido, mas pela inclusão de novos componentes já comprovados em banco de ensaios que irão aumentar o grau de fiabilidade permitindo usar modos da cartografia mais agressivos.
Pode parecer estranho que a marca francesa venha anunciar ter agora atingido um bom nível de fiabilidade, depois de Max Verstappen ter ficado sem valiosos pontos no Canadá e no Azerbaijão precisamente por problemas de motor, além de Jolyon Palmer ter tido inúmeros problemas em Baku… Mas uma coisa é o que se vê na pista, outra é, segundo Rémi Taffin, o responsável técnico pelo V6 híbrido francês, o que se irá ver em breve, depois dos últimos testes nos bancos de testes, em Viry-Chatillon.
«Podemos afirmar que, entre Montreal e Baku, atingimos o nível de fiabilidade que buscávamos. Ou seja, o que trouxermos a partir de agora já passou a prova dos 5000 km», disse o técnico francês à revista britânica «Autosport». «Claro que ainda temos de usar alguns componentes introduzidos no início deste ano e é por isso que assistimos a alguns problemas, mas em Baku já conseguimos extrair mais alguma ‘performance’ do motor, o que foi bom numa pista como aquela». E que resultou, em última análise, no regresso às vitórias, com o Red Bull/TAG Heuer de Daniel Ricciardo, graças a uma fantásticas ultrapassagem tripla (a Hulkenberg, Massa e Stroll), no final da longa recta.
Os problemas podem voltar a suceder na Áustria, pois a Renault não pretende montar motores novos, com todas as peças revistas, antes da Grã-Bretanha ou mesmo da Hungria, de forma a respeitar o calendário previamente estabelecido para que as suas equipas cumpram o limite dos quatro motores para toda a época.
Na verdade, esta evolução não é propriamente uma grande alteração no motor em si, naquilo que Taffin designa como o «hardware» do grupo propulsor. «Quando se tem um problema de fiabilidade num componente e se consegue resolvê-lo, depois pode aumentar-se a carga sobre esse componente, é por isso que temos estas evoluções. Quando estamos em dificuldades, temos de retirar ‘performance’ ao motor pela electrónica que depois podemos recuperar quando resolvemos os problemas, foi o que fizemos em Baku, por vezes parece um bocadinho de magia», referiu Taffin que calculou a evolução na última prova em 0,2 s por volta.
«Hoje em dia não é preciso mexer muito no motor para se conseguir estes avanços… Esperamos, na segunda metade da época, já ter o grau adequado de fiabilidade para podermos extrair todo o potencial do nosso motor. O que significa também tirar o máximo do grupo propulsor, ou seja, aproveitar ao máximo a energia eléctrica do sistema híbrido e por aí fora…».
Taffin tem ainda esperança de recuperar algumas evoluções previstas para este ano e entretanto colocadas de lado, devido aos problemas entretanto surgidos com a falta de fiabilidade. «Pode ser que ainda consigamos estrear alguns componentes, além de novos combustíveis e lubrificantes que também nos irão ajudar», referiu o francês que já avisou, contudo, que a grande evolução só mesmo em 2018. Pelo caminho, a Renault não só já evoluiu o seu motor como até conseguiu a primeira vitória do ano e logo numa das pistas em que os grupos propulsores são sujeitos a uma dura prova, com a longa zona a fundo de Baku!