É, no mínimo, preocupante para o futuro da Fórmula 1 quando os elementos das equipas que integram o Grupo Estratégico encarregue de estudar as próximas medidas a tomar reconhecem publicamente não se conseguir entender. E pedem mesmo para que a FIA e a FOM tenham mão firme no desporto para indicar o caminho a percorrer…
Parece algo impensável, mas foi o que foi assumido na conferência de imprensa que, após os treinos livres, costuma reunir responsáveis de algumas equipas. E quem entrou ao ataque foi, como se esperava (até pelas declarações anteriormente proferidas), o director-adjunto da Force India, Bob Fernley: «Em dois anos de existência o Grupo Estratégico decidiu quase sempre… nada decidir! Na semana passada, a repartição mais equilibrada das verbas provenientes dos direitos comerciais ou o custo exorbitante dos motores não foram sequer abordados!».
Christian Horner (Red Bull) representa uma das equipas «grandes» acusadas de tudo bloquearem e admitiu: «De facto, temos de reconhecer que a única decisão em que conseguimos unanimidade foi na imposição de os pilotos manterem o mesmo desenho dos capacetes ao longo de toda a temporada… Não é saudável para o desporto deixar que sejam as equipas a determinar as regras do jogo, porque estaremos sempre a puxar a brasa à nossa sardinha. O Bob [Fernley] há-de querer mais dinheiro, o Toto [Wolff, da Mercedes] não quer que se mexa em nada e nós queremos mudanças nos motores…».
E Horner acrescentou: «O Grupo tem a sua razão de existir como fórum de reflexão por parte dos actores da F1. Mas não lhe deve caber definir os regulamentos, é o Bernie [Ecclestone] e o Jean [Todt] que têm de assumir as responsabilidades». Neste particular, Horner parece apoiado por Fernley: «Não me parece que devam ser as equipas a definir para onde é que a F1 deve ir; deve ser dito às equipas em que direcção a F1 deve avançar».
Sem querer fazer de «desmancha-prazeres», Toto Wolff, da Mercedes, teve apenas uma palavra de cautela… mas que serviu para mostrar até que ponto é difícil as equipas estarem todas de acordo: «Este é um desporto profissional e uma plataforma global, precisa de uma liderança correcta. Se estamos à procura de uma ditadura, já nos estou a ver, dentro de dois anos, aqui sentados a lamentar-nos que estamos a ir na direcção errada. É sempre difícil encontrar a liderança correcta…».
O drama da F1 é que, não só as equipas não se entendem (o que é o mais natural do Mundo!), como mesmo entre Ecclestone e Todt não é fácil conseguir consensos… Veja-se o caso dos motores, em que o primeiro acabaria hoje mesmo com os V6 turbo híbridos propostos, impostos e defendidos pelo segundo, com o acordo dos fabricantes de motores… A F1 numa terrível encruzilhada, de que tem de se livrar rapidamente, sob pena de perder cada vez mais popularidade!