A Pirelli e a Ferrari suspeitam que haja duas equipas que estejam a fornecer dados errados quanto às reais pressões aerodinâmicas a que os seus carros são sujeitos, exagerando os valores dessas forças, de forma a levar a que a marca de pneus estabeleça pressões mínimas mais elevadas! E uma das equipas visadas, ainda que sem que ninguém a nomeie, parece ser a Mercedes!
Quem trouxe o caso a lume foi a revista germânica «Auto Motor und Sport», num artigo do seu já veterano jornalista Michael Schmidt. Em que começou por recordar a drástica redução das pressões dos pneus traseiros decidida pela Pirelli no G.P. de Espanha, de sexta para sábado, de 20,0 para 18,5 psi. Foi a maior redução, mas também na Austrália e Bahrain a marca italiana tinha baixado as pressões mínimas obrigatórias, depois de analisados os dados dos primeiros treinos livres.
Segundo aquele artigo, haverá duas equipas que, fornecendo dados exagerados quanto às forças aerodinâmicas a que os carros estarão sujeitos, levarão a que a Pirelli, por precaução, estabeleça valores de pressão de pneus mais elevados. O que convirá aos seus carros… Por exemplo, várias equipas ficaram surpreendidas por terem de rodar em Barcelona com 20,0 psi nos pneus traseiro quando tinham feito os testes com 18,0 psi…
«Estabelecemos esses valores de acordo com os dados fornecidos pelas equipas, três semanas antes da corrida», explicou Mario Isola, director técnico da Pirelli. «Em Barcelona, os carros já tinham sido profundamente modificados, pelo que as pressões tinham aumentado e reagimos a esse dado. Mas se, depois do treino, vemos pelas nossas medições que esses valores não coincidem com a realidade, podemos alterar os limites das pressões dos pneus».
Uma das pistas aponta para… a Mercedes. Porque, embora todos os carros sejam mais rápidos com pressões mais baixas, o W08 parece dar-se muito melhor com valores mais elevados, tanto numa só volta como em simulações de corrida. A sua aerodinâmica parece ser mais eficaz quando o carro mexe menos, quando os pneus «dobram» menos pelas pressões mais altas… Já o Ferrari parece «encaixar» melhor esse comportamento das borrachas, com um comportamento mais estável. E, de facto, ainda em Barcelona se assistiu ao forte domínio da Mercedes na sexta-feira e à total recuperação da Ferrari no sábado, depois de a Pirelli ter baixado a pressão dos pneus…
Ainda segundo o «Auto Motor und Sport», Mario Isola referiu: «É verdade que a realidade provou que alguns dos valores fornecidos eram exagerados. Mas essa é uma política que não leva a lado nenhum, pois podemos sempre alterar as pressões se o julgarmos seguro». A Ferrari acha que só equipas a quem interessem pressões mais elevadas poderão estar por trás dessas informações erróneas, deixando no ar, mas sem qualquer acusação, uma desconfiança em relação à Mercedes…
Pelas declarações de Mario Isola e pela confirmação da Ferrari, tudo indica que haverá, de facto, algumas jogadas de bastidores para influenciar as decisões da Pirelli. Batota? Nem por isso… Só mostra como a luta está de tal forma equilibrada e aberta que todos os detalhes podem fazer a diferença!