Ontem Lewis Hamilton não saiu propriamente animado do início da segunda sessão de testes de Barcelona, com algumas queixas sobre um comportamento errático do Mercedes W08. E acabou por alinhar com o colega de equipa, Valtteri Bottas, nos elogios ao monolugar construído este ano pela Ferrari, indo até mais longe: «Não me parece que este ano sejamos nós os favoritos, parece-me mais que sejam os Ferrari», disse, sem subterfúgios, o tricampeão do Mundo.
«A Red Bull também parece ter um bom monolugar. Saberemos um pouco mais nos próximo dias, mas tenho a sensação que a primeira corrida será muito disputada», continuou Hamilton que, no entanto, voltou a apontar baterias à Ferrari: «Não os podemos ignorar porque estão a fazer um magnífico trabalho! Se olharmos exclusivamente para os tempos, ficamos com a ideia de que a Ferrari tem o carro mais rápido. É, pelo menos a minha interpretação, e que nós estaremos em luta com a Red Bull, logo atrás da Ferrari».
Realidade… ou «bluff»? Porque a verdade é que o programa de testes da Mercedes, este ano, tem sido algo estranho para quem só vê de fora e bem diferente do do ano passado. Em 2016 a equipa rodou essencialmente com os pneus mais duros e acumulando quilómetros sobre quilómetros. Este ano tem feito igualmente bastantes quilómetros mas não tanto, mas com uma utilização de pneus aparentemente mais errónea (será tudo menos isso!), com recurso por diversas vezes a ultramacios e supermacios, algo que quase não se viu em 2016…
Um programa talvez totalmente diferente também pelo tipo de trabalho a fazer, já que é preciso conhecer um carro totalmente novo e medir consumos e desgaste dos vários tipos de pneus em todas as condições… Daí também a divisão das jornadas entre os dois pilotos que têm colaborado de forma exemplar, ao ponto de Hamilton dizer que Bottas foi… o melhor colega de equipa que teve até hoje!
«O que eu gosto no trabalho com o Valtteri é que tudo é feito na pista, no circuito, e não fora dele», explicou, numa óbvia indirecta aos «mind games» que travou com Rosberg ao longo dos últimos anos. «Não há joguinhos, a transparência é total e gosto disso. Sinto que já tenho melhor relação de trabalho do que alguma vez tive com outro colega de equipa. Ele quer fazer o melhor no seu primeiro ano com a equipa e eu, estando cá já há algum tempo, posso dar-lhe alguma informação para o ajudar. Depois, a nossa conversa faz-se na pista!».