Algumas equipas de Fórmula 1 estarão, aparente e publicamente, contra a regulamentação que limita o uso de três unidades de potência para toda a temporada de 2018. Com um calendário de 21 corridas, cada motor híbrido terá de cumprir pelo menos sete fins-de-semana completos, caso contrário voltam as penalizações por componentes em excesso, convertidas em lugares perdidos na grelha de partida.
Christian Horner já disse, publicamente que a regra é disparatada e vai transformar a época de 2018 num caos de penalizações. Falando em Abu Dhabi, o presidente da FIA, Jean Todt, lembra que a responsabilidade da elaboração dessas regras é das equipas e de um conselho estratégico… onde Horner está presente em representação da Red Bull!
«Foi uma decisão consensual. Todas as equipas representadas decidiram, quando se reuniram para estabelecer as regras para 2018, que as penalizações seriam convertidas em lugares a recuar na grelha de partida», lembrou o antigo director de equipa da Ferrari: «Se vai ser permitido apenas três motores por época, é porque a ideia foi das equipas. Elas é que decidiram». Todt lembrou ainda, na mesma intervenção, que «havia pessoas que perguntaram ‘porque não avançamos logo para um só motor para o ano todo?’, porque isso faria baixar drasticamente os custos».
Nenhuma destas decisões foi tomada este ano. Todt lembrou que as equipas se reuniram há alguns anos para estabelecer as linhas mestras do regulamento técnico até 2020 e, nessa altura, decidiram que em 2018 só haveria três motores por ano. «A forma de governar a Fórmula 1 não é nova e está em prática há anos», recorda o presidente da FIA: «As decisões foram todas na altura em que tinham de ser tomadas, e toda a gente sabia – e sabe – que agora é preciso uma decisão unânime, entre todas as equipas sem excepção, para reverter essa regra».
Essa unanimidade não deve existir, como de resto se viu recentemente na abolição das «barbatanas dorsais» forçada pela McLaren, que votou contra a sua manutenção para 2018. Sobre as penalizações, que todos parecem abominar, Todt também coloca o dedo na ferida: «Parece-me desequilibrado haver equipas com 100 lugares de penalização numa época e outras sem nenhum, mas são as regras. Tudo tem de ser optimizado, e a Fórmula 1 também tem de o fazer, tornar-se melhor, adaptar-se. Eu não gosto das penalizações, mas mais uma vez, tem de haver unanimidade». Caso contrário, a regra não será alterada.
Todt voltou a afirmar que a FIA não recuará em relação à obrigatoriedade da utilização do Halo nos monolugares de 2018. E também não se mostrou particularmente impressionado com a mais recente ameaça velada da Ferrari abandonar a Fórmula 1… até porque já sabe do que que a casa gasta!
[NOTA – O F1Flash está particularmente feliz por poder contar com a colaboração do Pedro Nascimento, jornalista particularmente conhecido dos amantes da Fórmula 1, pelo soberbo trabalho que vem fazendo nos comentários televisivos da modalidade desde 2006, que juntou a uma carreira de jornalista da especialidade automóvel que vem bastante mais de trás, desde 1995! Há encontros felizes!...]