Kimi Raikkonen deixou críticas implícitas aos actuais pneus de chuva da Pirelli, depois de se ter despistado violentamente na recta da meta da pista de Interlagos, num dos recomeços do G.P. do Brasil, por o seu Ferrari ter entrado em «acquaplaning». «Se compararmos com os pneus de há dez ou doze anos, esses lidavam muito melhor com estas situações, não havia estes problemas de ‘acquaplaning’. Porque esse é o maior problema quando há poças na pista, ficamos sem qualquer aderência».
O finlandês, no meio do azar que o apanhou totalmente desprevenido e o transformou em passageiro indefeso num Ferrari desgovernado, ainda teve muita sorte por cruzar a recta sem que alguém lhe tivesse acertado!... Já parado, junto do muro das «boxes», o Manor de Esteban Ocon passou-lhe a centímetros! «Quase acertei no Kimi, teria sido horrível!», contou o francês. Nunca pensei que eles recomeçassem a corrida, era demasiado perigoso, estávamos permanentemente em ‘acquaplaning’, a 320 km/h e sempre a perder o controlo do carro, é assustador…».
Da sua longa experiência na F1, Raikkonen sabe bem do que fala: «Com estes pneus é muito fácil entrar em ‘acquaplaning’, nem é preciso estar a chover muito. Já o dissemos muitas vezes… Mas também depende do tipo de pista e de vários outros factores. Neste caso quase nem estava a chover, mas havia muita água na pista e é muito fácil despistarmo-nos quando tocamos numa dessas poças»
E Raikkonen contou ainda: «Na subida para a recta já havia muito ‘acquaplaning’, mesmo na curva anterior. Depois, o carro escorregou e entrou em pião, ainda quase que o consegui recuperar mas não estava à espera daquela reacção naquele sítio».
Os Cinturato azuis da Pirelli (os chamados «full wet» para pista com muita água) têm uma capacidade de extracção, segundo a marca italiana, de 65 litros de água por segundo, a 300 km/h que seria aproximadamente a velocidade a que Raikkonen perdeu o controlo do Ferrari. Mas isso é em asfalto uniformemente molhado e sem lençóis de água. Porque, nestes casos, não há milagres e um pneu tão largo como os dos F1 (e para o ano será pior!) é facilmente apanhado na «armadilha» do «acquaplaning», formando-se uma película de água que o afasta positivamente do asfalto, perdendo toda a aderência…