Toto Wolff reconheceu a superioridade da Ferrari, estima que o atraso da competitividade do Mercedes esteve nas 16 semanas de diferença entre o arranque dos dois projectos e considera mesmo que a sua equipa é, neste momento, a… «outsider»! «É esta a realidade que nem me desagrada por completo, os fãs costumam ter alguma simpatia pelos ‘outsiders’», procurou suavizar o discurso.
Depois de já ter definido o W08 como uma «diva», pela forma como o carro se mostra tão sensível às temperaturas dos pneus, face ao comportamento do Ferrari que é competitivo em todas as condições, Wolff explicou: «Tudo depende da nossa capacidade de encontrar a janela ideal de utilização dos pneus. O nosso carro é competitivo mas parece não apreciar por aí além os pneus actuais. Já com o Ferrari passa-se precisamente o contrário, com um carro capaz de funcionar no seu melhor, de princípio a fim e com os dois pilotos».
Daí a conclusão, com todo o desportivismo: «Mereceram totalmente a vitória pois tinham o melhor carro. O que faz de nós os ‘outsiders’! Mas vamos dar tudo para recuperar este atraso, espero que o Mónaco tenha sido o nosso pior fim-de-semana desta época». No Mónaco, os Mercedes não só se debateram, uma vez mais, com o problema de não conseguirem ter os pneus dianteiros e traseiros na temperatura correcta de funcionamento em simultâneo – para os da frente estarem quentes já os de trás estão a sobreaquecer… – voltou a suceder algo estranho (como na Rússia ou em Espanha) que foi uma enorme disparidade da competitividade dos dois carros, apesar da semelhança de afinações…
A equipa parece algo perdida na compreensão da forma como o carro trabalha ou deve fazer funcionar os pneus – poderá estar a «pagar» a saída de Paddy Lowe?... –, mas Toto Wolff tem uma outra explicação curiosa que começa bem lá mais atrás, ao início dos projectos do W08 e do Ferrari SF70H: «Segundo julgamos saber, a Ferrari começou a trabalhar neste carro muito cedo, em Dezembro de 2015. Nós apenas começámos em Março de 2016», comentou o austríaco ao jornal «Suddeutsche Zeitung».
«Nessa altura, já a Ferrari tinha mais de 50% dos seus recursos dedicados ao novo carro. Ou seja, a Ferrari terá, talvez, umas 16 semanas de avanço e, nesse espaço de tempo, conseguem descobrir-se avanços aerodinâmicos que valem quatro a cinco décimos», justificou Wolff. Um discurso que é, obviamente, impossível de comprovar e que parece ser mais justificativo que explicativo… Uma coisa é certa: daqui a 16 semanas (mesmo contando com a pausa de Verão) já se terão realizado mais oito Grandes Prémios, por isso é bom que a Mercedes encurte o tempo de recuperação se ainda pretende lutar por alguma coisa este ano!