Esperava-se que a Red Bull aparecesse em Barcelona com um carro radicalmente diferente e cheio de evoluções e, afinal, foi a Mercedes quem surpreendeu com a quantidade de alterações introduzidas no W08! A nível aerodinâmico, quase se pode falar num refazer geral de todo o «pack», com especial incidência na frente, mas também com uma nova e mais afilada «barbatana de tubarão», onde estão agora colocadas as identificações dos pilotos.
Tendo levado muito a sério a ameaça da Ferrari, a Mercedes trabalhou fortemente no campo da aerodinâmica e chegou a Barcelona com inúmeras evoluções. A que deu mais nas vistas foram os chamados «turning vanes», uma espécie de pequenas asas que são penduradas por baixo do nariz do carro e atrás da asa dianteira e que são agora muito mais alongadas. Vêm de cada lado do carro e juntam-se sob a frente, formando uma espécie de extractor… dianteiro. Mais uma vez, a sua finalidade é quebrar os turbilhões originados na asa dianteira que também sofreu alterações estando ainda mais complexa.
Também na lateral há modificações e novos apêndices e pequenos componentes que servem para dirigir e «limpar» o fluxo de ar para os flancos e a traseira. O chão do carro foi modificado na zona à frente das rodas traseiras, a asa traseira também sofreu alterações, a própria forma dos tirantes da suspensão foi modificada bem como os suportes das câmaras, além da adição de um novo apêndice aerodinâmico de dois níveis atrás do escape, habitualmente conhecido por «monkey seat».
Não se sabe se, além de melhorar o comportamento do carro em curva, estas novidades aerodinâmicas fazem parte do esforço que a Mercedes necessitava para que o seu carro tratasse melhor os pneus. Mas, no fundo, tudo isto está ligado, pelo que um carro mais eficiente do ponto de vista aerodinâmico acaba também por desgastar menos as borrachas…
Mas não foi apenas do ponto de vista aerodinâmico que a Mercedes melhorou o W08, na tentativa de recuperar o domínio da F1. Trabalhou também na redução do peso do monolugar que era uma das áreas em que tinha de evoluir – basicamente tinha de o colocar bem abaixo do peso regulamentar para, depois, poder colocar lastros onde o desejar –, estreando uma versão revista e mais ligeira da caixa de velocidades e até das suspensões. Também montará nos carros de Bottas e Hamilton uma segunda unidade motriz, com evoluções que, no entanto, estarão mais viradas para o aumento da fiabilidade do que propriamente da «performance».
«Estamos a ficar cada vez melhores em todas as áreas do carro, mecanicamente, aerodinamicamente e também no que respeita ao peso», confirmou Valtteri Bottas, já em Barcelona. «Ainda temos trabalho a fazer em todas essas áreas, mas estamos, aos poucos, a extrair mais e mais ‘performance’ do carro». Afinal, foi a Mercedes que se apresentou em Espanha com uma «versão B» do seu carro!