A chama da Renault reacendeu-se nestes últimos Grandes Prémios, com Magnussen a pontuar em Singapura e Palmer a obter o seu primeiro ponto na Malásia. «Senti-me eufórico, extremamente feliz, em especial depois de uma corrida tão longa e difícil», comentou o piloto britânico que recuperou de 19.º à partida até 10.º, graças a uma arriscada estratégia de uma só paragem (pneus duros e macios) cumprida na perfeição. «E também com uma pontinha de sorte pelo abandono do Mercedes…», reconheceu.
A verdade é que, apesar de há muito ter mudado o seu foco para a preparação da temporada de 2017, notou-se uma evolução da equipa Renault nestas últimas provas. Sendo até de esperar mais alguma coisa já no G.P. do Japão. «Historicamente, Suzuka sempre correu nem à Renault, estamos impacientes por lá corrermos», diz Cyril Abiteboul, director da Renault Sport.
Já Frédéric Vasseur, director do Renault Sport Formula One Team, aponta já para o objectivo seguinte, depois de ver os seus dois pilotos pontuarem nas últimas duas corridas: «Estamos a fazer claros progressos e, agora, já somos capazes de andara bater-nos com os Haas e os Toro Rosso em corrida, o que é obviamente um passo em frente, desde que se mantenha assim! O nosso próximo objectivo deve ser pontuar com os dois carros, o que me parece razoável, tendo em conta o ritmo que mostrámos em Sepang até na qualificação, a maior do Q2 com o Kevin».
Vasseur é, contudo, realista, sabendo que estas recentes melhorias não se devem a uma evolução concreta do Renault RS 16 que não tem recebido «upgrades»: «Não podemos esperar grandes saltos na classificação sem as indispensáveis evoluções, o que já não será possível este ano. Mas, nesta fase da temporada, a grelha deverá conservar mais ou menos o mesmo perfil. Cabe-nos, por isso, a nós de fazer com que todos os detalhes se encaixem correctamente para subirmos na hierarquia».
A questão aqui é: se não houve evoluções no carro, como se explica a melhoria visível de resultados por parte da Renault? «Há muitos factores a contribuir para isso mas está, acima de tudo, ligado ao aumento dos recursos disponíveis», admite o director técnico Nick Chester, revelando que é o dinheiro injectado pela Renault na estrutura de Enstone que começa a fazer efeito… «Progredimos muito na nossa compreensão das afinações do carro e, em especial, na forma como usamos os pneus». Foi, aliás, esse o segredo do ponto conquistado por Palmer em Sepang!
Mas há um outro lado extremamente importante: «Ter mais recursos significa que também podemos produzir mais peças e com maior qualidade. E impondo-lhes ciclos de vida mais curtos conseguimos manter um nível de ‘performance’ mais elevado. Ou seja, mesmo que não haja novidades, podemos exigir mais do carro que temos. Por fim, também os pilotos amadureceram, o que nos permite explorar melhor o potencial que sempre tivemos». A explicação de Chester é esclarecedora quanto ao que é a evolução de uma equipa ao longo de uma temporada mas, principalmente, a importância crucial de uma boa saúde financeira!
Na Malásia, o fim-de-semana nem começou bem, com uma avaria a causar um incêndio no carro de Magnussen, quando a equipa testava novidades no sistema de alimentação de combustível já a pensar… nas baixas pressões atmosféricas que encontrarão no México! Depois, foi uma sucessão de altos e baixos, alterando entre os pilotos: Palmer teve um fim-de-semana quase perfeito, excepto uma qualificação horrível; Magnussen teve um fim-de-semana para esquecer… excepto uma qualificação brilhante! Daí a opinião de Vasseur: «Não há razão para acharmos impossível podermos pontuar com os dois carros!».