A Mercedes, pela voz do seu principal director, Toto Wolff, voltou à corrida do Abu Dhabbi para explicar que, a mensagem do responsável técnico, Paddy Lowe, a Lewis Hamilton para que aumentasse o ritmo na parte final da corrida correspondia ao grau máximo de «gravidade» de uma comunicação a um piloto! «É o grau mais elevado do nosso código de conduta», garantiu Wolff.
Perante as ameaças que chegaram a constituir Verstappen, primeiro, e Vettel, depois, à vitória Mercedes na última corrida do ano, devido ao ritmo muito lento adoptado por Hamilton na frente – procurando colocar Rosberg numa posição delicada –, os seus engenheiros por mais de uma vez lhe pediram para aumentar o ritmo. O piloto respondeu sempre dizendo que era ele quem controlava a corrida.
Até que, quando a ameaça de Vettel se tornou demasiado evidente, foi Paddy Lowe quem se «chegou à frente» e foi claro: «Lewis, daqui fala o Paddy, precisamos que aceleres o ritmo». Hamilton não só manteve as mesmas respostas como, a três voltas do fim, diria «assim como assim já perdi o campeonato, tendo me faz ganhar ou perder a corrida». E isto, sim, foi encarado como uma afronta e um desrespeito à direcção da equipa.
«Quando o Paddy fala significa que atingimos o grau máximo nas nossas comunicações, é o que está no código de conduta que inventámos em conjunto, no início do ano, em Melbourne», esclareceu Wolff. Que, apesar de ser o líder da equipa, não tem sequer forma de comunicar com os seus pilotos. Por opção! «Não tenho esse botão porque me conheço demasiado bem… Havia claramente o risco de o fazer e já o teria feito no passado, provavelmente arrependendo-me a seguir».
«Sabem o famoso episódio do Dr. Ullrich?», recordou, referindo-se à corrida do DTM em que o director desportivo da Audi não se aguentou e gritou a um dos seus pilotos para pôr um adversário fora de pista… «Temos de nos conhecer, as nossa forças e as nossas fraquezas e eu conheço as minhas fraquezas…».
E, por fim, insistiu na necessidade da comunicação superior de Paddy Lowe para impor uma ordem a Lewis Hamilton, no interesse da equipa: «O nosso princípio maior nos últimos três anos – e não interessa se é a primeira ou a última corrida – é garantir a vitória. Até se pode questionar se é o princípio correcto mas, naquele momento, foi exactamente o que fizemos a partir do muro das ‘boxes’».
Toto Wolff continua, contudo, a acompanhar Nico Rosberg na sua «tournée» de campeão – esta manhã mais um banho de multidão, já na Europa, em Wiesbaden (Alemanha) –, pelo que não se pronunciou ainda sobre se tenciona tomar alguma atitude em relação ao comportamento de Hamilton. Mas o mais natural é que tudo seja tratado internamente e que, tal como sucede com as temporadas, se faça um «reset» e 2017 comece tudo do zero. Embora já com uma advertência, por certo…