Chegados a meio da temporada, Toto Wolff fez um interessante balanço da verdadeira «montanha russa» que, acredita o director da equipa Mercedes, ficou para trás, num processo evolutivo que chega a comparar… à teoria de Charles Darwin da evolução das espécies! Uma primeira fase do ano com alguns altos e baixos mas que Wolff afiança estar agora ultrapassado, apoiado nos resultados das últimas provas.
Primeiro foi o surpreendente abandono de Nico Rosberg, cinco dias depois de ter conquistado o título de 2016. Mais tarde foi também a saída do responsável técnico Paddy Lowe que deixou a Mercedes um pouco à deriva no início do campeonato. No seu balanço, Toto Wolff não fugiu ao assunto: «As mudanças acontecem e têm de acontecer. Uma equipa como a Mercedes não é uma organização estática, não podemos congelar as situações».
«Há sempre novos talentos a aparecer e que querem progredir nas suas carreiras. Há novos desafios, novos regulamentos e ineficiências que é preciso atacar», explicou Wolff que fez um curioso paralelismo: «É um progresso constante. Darwin disse que as espécies que melhor se adaptassem seriam as que sobreviveriam. Uma equipa é uma espécie que se vai adaptando permanentemente».
O responsável máximo da equipa Mercedes admitiu que a saída de Paddy Lowe teve influência na fase inicial do Mundial: «Tivemos um início ‘aos soluços’… Os testes não correram como esperávamos e as primeiras corridas foram assim-assim. Nunca encontrámos a janela correcta das afinações para que o carro funcionasse correctamente. Aos poucos fomos evoluindo. Tivemos um fim-de-semana terrível no Mónaco mas que acabou por nos apontar a direcção certa. Por vezes, estes momentos maus ajudam-nos no longo prazo e foi o que sucedeu. Desde aí que as coisas têm corrido bem».
Por outro lado, a troca de Rosberg por Bottas tem corrido melhor do que seria de esperar. Afinal, o finlandês já conseguiu duas «poles» e duas vitórias, além de mais cinco presenças no pódio. Para quem assinou em Janeiro pela equipa, teve de se adaptar a novos métodos de trabalho e à pressão de estar numa escuderia que luta por títulos e ainda com o «stress» adicional de ter uma ligação de apenas um ano, como se estivesse só à experiência, tem sido brilhante!
«Não estou surpreendido porque já o conheço há muito tempo e sabia que era isto que ele procurava», referiu Wolff que já deixou subentendido que o prolongamento do contrato com Bottas é quase uma inevitabilidade. «Ele meteu a cabeça na sua missão, continua a trabalhar ‘a fundo’ com os engenheiros na fábrica e está a fazer um magnífico trabalho». Ao ponto de não estar muito longe do duo da frente do Mundial e de também se poder intrometer na luta pelo título. Se ameaçar Hamilton haverá ordens de equipa? «A resposta é não», disse de forma clara Toto Wolff. «Se ambos os pilotos estiverem na luta pelo título não interferiremos».
O responsável da Mercedes referiu que Bottas é muito diferente de Rosberg, pela forma como se concentra exclusivamente na competição, sem «mind games» nem políticas… No entanto, faz questão de homenagear o alemão campeão do Mundo no ano passado e até a sua decisão de abandonar a Fórmula 1!
«Gostei muito de trabalhar com o Nico, tem uma forte personalidade que trilhou o seu caminho até ao topo. Por vezes pode pensar-se que foi mais fácil para ele, mas eu penso que até foi mais difícil. Quando se é filho de um campeão do Mundo temos de encontrar a energia e a motivação dentro de nós e não acho que isso seja fácil. Mas ele atingiu o sonho da sua vida e depois decidiu que já chegava o que, de certa forma, é algo inspirador: nós andamos nesta correria, como nas rodas dos hamsters, e ele decidiu saltar fora deste mundo louco».