Hoje o futuro da Fórmula 1 joga-se em dois «tabuleiros». Enquanto em Barcelona se trata do futuro a curto prazo, com o segundo dia de testes, em Genebra trata-se do médio prazo ou, na verdade, do curto-médio prazo, já que se trata das regras para 2017. Com reuniões do Grupo Estratégico da F1 de manhã e da Comissão de F1 à tarde, hoje é o dia de todas as decisões e de conseguir todos os consensos. Houve já quem lhe chamasse… «o ponto do não-regresso»!
Porque se a F1 se comprometeu, perante os seus fãs, a apresentar-se totalmente renovada e mais excitante a partir de 2017, com carros mais espectaculares, rápidos e difíceis de guiar para separar os talentos dos pilotos, a verdade é que, até agora, nada fez por isso! Porque, para não variar, a cada reunião os encontros de cada equipa sobrepõem-se ao interesse comum de melhorar o espectáculo que é oferecido…
Só um exemplo: inicialmente, a solução passava por um grande extractor traseiro para aumentar de tal forma o apoio aerodinâmico e a aderência que, em conjunto com os pneus de maiores dimensões, os carros pudessem curvar muito mais depressa, solução defendida pela Red Bull; mas logo a Mercedes demonstrou que, nesse caso, os pneus teriam de ser inflados a uma pressão tal que acabariam por perder aderência. E as equipas dividiram-se no apoio a ambas as teorias… E isto sucedeu em diversos outros assuntos!
Agora, é bom que se ponham de acordo porque o limite de 29 de Fevereiro, em que as decisões podem ser tomadas por maioria simples, está muito próximo. A partir de 1 de Março, só por unanimidade. «Aí, esqueçam quaisquer alterações», avisa já Christian Horner, da Red Bull, naquilo que seria mais um tiro nos pés da F1, essencialmente por falhar uma promessa crucial perante os seus fãs!
Horner concorda com as recentes críticas de Sebastian Vettel que acha que a F1 se tornou demasiado complexa e que disfarça a diferença de talentos entre os pilotos. «A F1 tem de ser sobre pilotos, são eles que têm de fazer a grande diferença sobre todo o conjunto e temos uma oportunidade fantástica de repor essa ordem em 2017. O nosso mandato era claro, criar carros 5 a 6 s mais rápidos por volta, mais delicados de pilotar, mais espectaculares e que separassem os homens dos meninos. Espero que ainda o consigamos fazer…», concluiu Horner.
É voz corrente entre as equipas que terão de ser Jean Todt (FIA) e Bernie Ecclestone (FOM) a ter mão firme e a determinar o caminho a seguir pela Fórmula 1, já que será quase impossível que as equipas, «de per si», concordem num novo regulamento. Uma coisa é certa, depois das promessas deixadas há quase um ano, apelando à paciência dos fãs para 2017, se não houver novidades e grandes mudanças para o próximo ano a F1 só se poderá queixar de si própria se continuar a ver as audiências a baixar…
Outros assuntos que deverão ser discutidos é a atribuição de pontos à «pole position» e a eventualidade de organizar uma corrida de «sprint» (100 km) ao sábado à tarde, parecendo estar definitivamente posta de lado qualquer ideia de inversão de grelhas… Para a disciplina e a sua popularidade futura, o dia de hoje é muito mais importante em Genebra do que propriamente com que se passar na pista de Barcelona!