Embora reserve para mais tarde, depois de uma investigação aprofundada, a explicação rigorosa do que se terá passado com os pneus dianteiros-esquerdos dos Ferrari de Raikkonen e Vettel, a Pirelli já foi avançando, após uma análise preliminar, que se tratou de falhas totalmente diferentes, em nada relacionadas.
No caso do finlandês, na 49.ª das 51 voltas – a corrida teve menos uma volta por a partida te sido adiada para retirar o Renault de Palmer que ficara parado na volta de formação –, terá havido, de facto, uma falha do próprio pneu, com o fenómeno apelidado de deslaminagem. Ou seja, a separação do piso do resto da estrutura do pneu, de tal forma que o pneu quase não perdeu ar, permitindo ao finlandês ir até à «box» num ritmo razoavelmente rápido.
«Estava tudo a andar de forma razoavelmente normal quando, de repente, em plena recta, não sei o que sucedeu, o pneu não explodiu mas o piso saltou», contou Raikkonen. «Acho que não toquei em nada, não senti nada de anormal, felizmente que consegui voltar rapidamente para as ‘boxes’, embora a borracha do pneu estivesse ali a bater no carro».
Já com Vettel a história foi diferente, na 50.ª e penúltima volta e praticamente no mesmo sítio. No carro do alemão foi mesmo um furo e, aparentemente, por o pneu ter mesmo chegado ao final da sua vida útil… A isso não terão sido estanhos dois factos: o maior número de voltas que os pneus já tinham, pela troca prematura para passar Verstappen – também o holandês foi uma segunda vez à «box» mudar de pneus; e a profunda marca deixada ao queimar violentamente uma travagem para se defender de um primeiro ataque de Bottas…
Se até Lewis Hamilton, que controlou toda a corrida de forma tranquila, não necessitando de andar ao máximo, teve problemas de vibrações nos seus pneus nas voltas finais, imagine-se Vettel que teve de andar sempre a fundo para tentar garanti um lugar no pódio… «Analisar depois da corrida é sempre fácil mas, na altura, parecia que tudo estava bem. Acho que fomos apanhados de surpresa por estes problemas», referiu Vettel.
Maurizio Arrivabene não procurou desculpas para o que acabou por ser um fracasso da Scuderia: «Mesmo que as razões sejam óbvias, lamentar-nos por perdermos um 2.º e um 4.º lugar não faz o estilo da Ferrari. O lado mais duro é que perdemos muitos pontos nos dois campeonatos. Saímos daqui com a vontade de melhorar rapidamente, com humildade e determinação».
Mas dá que pensar o facto de só os Ferrari terem tido graves problemas com o pneu frente-esquerdo (o mais solicitado) em Silverstone, quando eram tidos como os carros que melhor os tratavam… Mesmo se, no caso de Raikkonen, pode apenas tratar-se de um defeito estrutural daquela unidade específica.