A solução para proteger melhor os pilotos dos fórmulas não passará por fechar os habitáculos mas por arranjar formas mais eficazes de defender as suas cabeças de objectos que possam ter saltado de outros monolugares. Quem o afirma é Charlie Whiting, há longos anos o responsável da FIA para a Fórmula 1 e que diz de forma clara: «Não posso esperar pelo dia, mas chegará uma altura em que teremos uma solução para diminuir em muito o risco de ferimentos na cabeça dos pilotos».
Este é um debate que dura há já vários anos, tendo a FIA muito trabalho feito neste campo. Mais concretamente, desde a morte de Henry Surtees, filho do campeão do Mundo de F1, John Surtees, atingido por uma roda de outro carro numa corrida de F2 inglesa em Julho de 2009. Poucos dias depois, Felipe Massa foi atingido por uma mola que saltou do carro de Barrichelo, na Hungria, e que atravessou a viseira do capacete quase o cegando.
Desde aí que a FIA começou a fazer testes com diversas soluções para proteger melhor a cabeça dos pilotos, nomeadamente com o fecho total dos habitáculos, com «campânulas» semelhantes às dos jactos militares. Agora, o assunto volta a ser discutido, com a recente tragédia nos IndyCars que resultou na morte de Justin Wilson, mas já antes com o acidente do G.P. da Áustria, em que o McLaren de Alonso acabou em cima do Ferrari de Raikkonen.
As primeiras conclusões, contudo, afastam a hipótese de fechar os «cockpits», por terem mais contras que prós, podendo causar novos problemas e dificultar o socorro aos pilotos. «Já investimos imenso esforço, tempo e meios nesta pesquisa que não tem sido fácil, na verdade tem sido mesmo muito difícil», referiu Whiting, deixando antever que a solução não passará por fechar o habitáculo mas protege-lo de outra forma: «Se será tão bom a protegê-lo de um objecto como um ‘cockpit’ de um caça, duvido, mas há-de oferecer um bom grau de protecção». E sem as contrariedades já referidas.
Porque a questão é encontrar uma solução que melhore a protecção sem prejudicar a visibilidade do piloto, sem lhe complicar a capacidade de pilotagem e que lhe permita uma saída rápida do habitáculo – por exemplo, no caso do acidente Alonso-Raikkonen, num «cockpit» fechado o finlandês teria demorado muito mais tempo a sair do Ferrari… «Temos de ser perseverantes. Temos de arranjar uma solução, não será certamente 100% eficaz a proteger o piloto em todas as circunstâncias mas se melhorar a situação actual já será muito bom», concluiu Whiting.
Ideias já apareceram várias, umas mais invulgares que outras. Resta agora levar a cabo mais estudos que permitam chegar a um difícil compromisso que tenha como finalidade a protecção máxima dos pilotos. Sempre com a consciência de que 100 % de protecção é algo que nunca existirá neste desporto!