Quando Raikkonen disse, após o G.P. da Austrália, que achava que os Ferrari não estavam muito longe dos Mercedes em ritmo de corrida, apesar de Vettel ter terminado a mais meio minuto de Hamilton, foi quase alvo de chacota… Quinze dias depois percebeu-se que o finlandês sabia do que falava: «Agora já nos vão levar mais a sério… A Ferrari está cada vez mais forte».
A questão que se pode pôr é porque não está Raikkonen, aparentemente, a andar ao nível de Vettel? Uma análise mais em pormenor das duas corridas mostra que o finlandês até andou bastante bem, tendo feito melhor volta em corrida que Vettel na Austrália e terminado em 4.º na Malásia depois de arrancar de 11.º e conhecer vários problemas.
Tudo parece resumir-se aos arranques, ambos falhados por Raikkonen e que o colocaram em apuros. Em ambas as provas foi «engolido» pelo resto do pelotão, ficando muito exposto a toques que lhe complicaram as provas, na Austrália foi Sainz, na Malásia foi Nasr. Na primeira os danos no Ferrari dificultaram as trocas de pneus, acabando por abandonar com uma roda mal posta na segunda paragem. Na segunda, sofreu um furo e ficou com o chão do carro danificado, tendo de fazer a 2.ª volta da corrida quase sem pneu, perdendo um ror de tempo.
Veja-se, contudo, a forma como recuperou do 16.º lugar em que caiu até 4.º e facilmente se percebe que, sem os «estragos» à partida de que é único responsável – também não ajudou a qualificação em 11.º por ter ficado «preso no trânsito» de uma volta caótica por causa da chegada da chuva –, o piloto finlandês teria lutado com os Mercedes e nem será despropositado de todo pensar que uma dupla da Ferrari teria sido possível em Sepang!
Se, com o mesmo realismo de sempre, o Raikkonen reconheceu que «o calor da Malásia parece ter ajudado os Ferrari», agora para a China o finlandês adopta um tom ainda optimista mas mais cauteloso: «É difícil dizer onde nos situaremos na China, cada circuito é diferente. Teremos novos componentes que deverão melhorar o carro e a base é bastante boa. Mas também é óbvio que temos coisas a melhorar».
A primeira das quais terá, no seu caso, de ser os arranques para poder disfrutar da qualidade maior deste Ferrari, a forma como poupa os pneus, tal como os Lotus E20 e E21 com que obteve as duas vitórias desde que regressou à Fórmula 1…