Já assumidamente concentrada na preparação da época de 2017, a Renault vai aumentar o seu investimento, depois de ter recebido luz verde por parte do presidente da Aliança Renault/Nissan, Carlos Ghosn, no sentido de tentar antecipar o seu objectivo de lutar pelo título mundial em 2020. «Vamos antecipar os nossos planos e aumentar os investimentos», confirmou o director geral da Renault Sport Racing, Cyril Abiteboul.
Esta decisão pode parecer, à primeira vista, aquele caso típico de tapar um problema com mais dinheiro, atendendo à difícil temporada que a Renault vem tendo, apenas com uma presença nos pontos, com o 7.º lugar de Magnussen na Rússia. Mas é precisamente o contrário e pretende ser um esforço de apanhar o comboio na altura certa, de apanhar uma oportunidade que dificilmente se voltará a apresentar tão boa!
Senão vejamos: era sabido que a Renault ia ter um 2016 muito difícil. A decisão de compra da Lotus foi tomada muito tardiamente, já não dando tempo de projectar um carro, pelo que o RS16 não é mais que a evolução do E23 (que já de si pouco tinha evoluído em 2015) feito para usar um motor Mercedes… Além do brutal buraco financeiro de 67,5 milhões de euros! «Era algo que conhecíamos bem, a Renault sabia que fazia parte da equação e estávamos conscientes de que estaríamos financeiramente expostos», recorda Abiteboul. «Talvez agora percebam porque demorámos tanto tempo a aprovar a compra da Lotus».
Ao longo deste ano, ao mesmo tempo que, em Viry-Chatillon, o grupo propulsor tem feito progressos notáveis, em Enstone a equipa tem vindo a ser restruturada, reconstruída e reequipada. «O que nos penaliza actualmente é a nossa capacidade de produção», conta Frédéric Vasseur, director desportivo do Renault Sport F1 Team. «Entre o projecto e a produção ainda somos três vezes mais lentos que as melhores equipas e é crucial reduzir esse tempo».
E revela: «Estamos numa fase de expansão das infra-estruturas de Enstone, de recrutar pessoas e de aumentar as instalações para podermos montar nova maquinaria. É um trabalho que se há-de reflectir nos resultados de 2017».
E é aqui que entra o aumento do investimento: porque 2017 é uma oportunidade única! Com a nova regulamentação, é quase como se as equipas começassem em pé de igualdade, logo a Renault não podia perder esta chance de reduzir muito mais depressa a desvantagem para as escuderias da frente. Daí este «agora ou nunca» que justifica o esforço adicional e a antecipação de objectivos assinada pelo presidente Carlos Ghosn.
«Pusemos em marcha um plano a cinco anos com um conjunto de investimentos mas, há algumas semanas, aprovámos um aumento desse investimento e acelerá-lo», disse Cyril Abiteboul. «Queremos marcar a diferença o mais depressa possível e para isso não há melhor forma do que acelerar o plano inicial que tínhamos previsto para cinco anos».
Diz-se que esta repentina disponibilidade de meios poderá também estar relacionada com negociações com grandes apoiantes, havendo aqui duas linhas de pensamento. Por um lado, continuam os rumores em torno da contratação de Sergio Perez – o mexicano terá contrato com a Force India, mas haverá uma cláusula que lhe permitirá mudar de equipa… –, a que se juntam negociações com o grupo da família Slim que implicará um chorudo patrocínio do seu império de telecomunicações.
Teoricamente, aquela versão colide com outra história que corre, de negociações sérias para patrocínio da equipa por parte das empresas espanholas Movistar (telecomunicações) e BBVA (banco). O que poderia fazer com que os Renault voltassem a «vestir-se» de azul, como quando foram campeões com Alonso, em 2005 e 2006.
Como se vê, a equipa Renault está a acelerar já rumo a 2017, uma «paragem» onde o vertiginoso «comboio» da Fórmula 1 vai ter de arrancar de novo, permitindo reentrar… nas «carruagens» mais à frente!