«Enquanto trabalhamos no duro para terminar 2016 num plano razoável, entramos agora numa interessante fase de desenvolvimento do carro de 2017». Cyril Abiteboul, director-geral da Renault Sport, fala nos tempos extremamente movimentados que a equipa francesa vive actualmente, estimulada ainda pelo ponto conquistado por Magnussen, em Singapura. «Estamos a inaugurar as novas instalações em Enstone [o aumento da fábrica de Inglaterra], acolhendo novas caras. Vivemos um período incrivelmente agitado!».
Quem tem estado mais tempo por Enstone, controlando o crescimento por que o «quartel-general» onde está a ser feito o chassis de 2017 teve de passar é Bob Bell. É ele quem supervisiona a parte técnica da equipa Renault tratando, no fundo, do «casamento» entre a construção do chassis, dirigida pelo director técnico Nick Chester, e a instalação dos motores projectados e fabricados sob a direcção de Rémi Taffin. Bob Bell que teve um papel importante na evolução da equipa Mercedes até ao ponto em que a conhecemos hoje…
Bell é a pessoa indicada para nos explicar como estão as coisas a andar para o projecto com que a Renault pretende, em 2017, abandonar definitivamente a parte de trás da grelha de partida. Embora com uma ressalva. «Ainda estamos a desenvolver algumas coisas, mesmo na Malásia teremos algumas novidades que poderão ser relevantes para o próximo ano. Embora em 2017 tenhamos uma aerodinâmica totalmente diferente da do carro deste ano».
Fazendo um ponto da situação em relação ao desenvolvimento daquele que deverá ser o R.S. 17, Bell explica: «Nas fábricas estamos a cumprir todos os prazos com os processos práticos de desenhar os componentes, construí-los e começar a montá-los. Este é um processo particularmente complexo mas, de momento, estamos a cumprir os objectivos. E sempre a tentar melhorar a ‘performance’ de cada um dos componentes!».
Este tem sido um ano extremamente difícil para a equipa Renault que, tendo começado já muito tarde – devido à tardia confirmação da compra da Lotus –, teve de acumular a participação no Mundial com um carro adaptado com todo o trabalho de restruturação das duas instalações, em especial a de Enstone. «Como equipa temos progredido muito bem desde o início do ano», diz Bob Bell. «O recrutamento tem sido um dos nossos focos nos últimos meses e continua a ser. Embora o nosso objectivo seja ter à volta de 650 funcionários em Enstone, o foco tem sempre de estar na qualidade e não na quantidade».
E Bob Bell concretiza a sua ideia da evolução que a Renault tem sofrido nos últimos meses… mas que só se notará em 2017: «Basta andar pelas instalações para notar sinais bem visíveis de evolução, em relação há seis meses. Há uma renovação geral e expansão. Há mudanças palpáveis e um sentimento de sucesso que ainda não é visível na pista. Mas sob a superfície, as coisas estão claramente a rodar!».
E quanto a pilotos para 2017, já que a Renault é das equipas que ainda nada anunciou? Aqui é Cyril Abiteboul quem toma a palavra para, primeiro, defender os pilotos actuais, Kevin Magnussen e Jolyon Palmer: «Temos de ser justos com os pilotos que temos. Sabemos que o ‘hardware’ que estamos a usar não é o melhor, por isso é difícil medir as suas prestações. Vamos precisar de mais algum tempo…».
A verdade é que a Renault já ficou sem alguns dos seus alvos confessos, como foram Vandoorne (confirmado na McLaren), Perez (já disse que ficará na Force India) ou Sainz (não quer sair da Toro Rosso). «Mas temos um bom número de opções e boas opções», garante Abiteboul que também não exclui o francês Esteban Ocon: «De todo! E ele está actualmente a pilotar, o que nos permite ter ainda mais informações. Sabemos quem está e quem não está disponível, o que nos permite demorar um pouco mais de tempo para escolhermos os nossos pilotos para o próximo ano».