Lewis Hamilton cedeu pontos aos seus mais directos perseguidores na luta pelo título mundial, ao abandonar com um problema de motor quando até parecia poder ter uma palavra a dizer na discussão dos primeiros lugares. «Estava super optimista, pois no segundo turno, com os pneus macios, conseguia seguir com alguma facilidade os da frente que tinham os supermacios. Cheguei a sentir que podia ter a corrida nas mãos… Mas fiquei sem potência, fizemos várias alterações mas nunca resolveram nada. Sabia que pontuar estava fora de questão…».
O campeão do Mundo ficou defendido pela enorme vantagem construída nas últimas corridas e mantém-se com 41 pontos de avanço sobre Rosberg e 49 para Vettel. Mostrou-se triste com o «calvário» passado pela equipa em Singapura, mas com a consciência tranquila: «Sinto-me satisfeito com o trabalho que fiz este fim-de-semana, guiei o melhor que pude, qualifiquei-me e andei na corrida à frente do meu colega de equipa, acho que não posso estar chateado comigo».
Já Nico Rosberg reconhecia que o único lado positivo do fim-de-semana era ter ganho 12 pontos a Hamilton mas dizia que isso não lhe chegava: «Foi um Grande Prémio muito negativo porque o pior é não perceber o que se passou e termos de resolver os problemas rapidamente. Pode ser que a pista de Suzuka [Japão, no próximo fim-de-semana] até venha mais a nosso favor, mas temos de perceber o que se passou! Neste momento nem sei se me sinto confiante… Acho que sim porque o passado mostrou-nos que somos competitivos, mas agora sinto-me preocupado por não sabermos o que se está a passar…».
Ainda nas voltas de formação da grelha Rosberg teve vários problemas com o motor que chegou a desligar-se mas depois, ao longo da corrida, nada mais se passou… a não ser um olho inchado! «Abri a viseira para apanhar um pouco de ar fresco e apanhei com algo num olho, não sei se é um pedaço de fibra de carbono. Esta é uma corrida muito dura, é longa, com mais de duas horas e muitas curvas, não há um segundo de descanso», referiu.
Mas à pergunta «o que se passou de facto com os Mercedes este fim-de-semana?», ainda ninguém consegue dar uma resposta, o que não deixa de ser estranho. Porque não há memória de uma equipa perder dois segundos – se somarmos o meio segundo que tinham de vantagem em Monza para o segundo e meio de desvantagem em Singapura – em apenas duas semanas! E, das duas uma: ou já há uma explicação (a relação entre as novas regras das pressões de pneus e a quebra de ‘performance’ continua a ser desmentida) e está no segredo da equipa; ou, se não há, a situação é ainda mais preocupante quando há já mais um Grande Prémio no próximo domingo!
«Este foi um fim-de-semana para testar o carácter da nossa equipa», resumiu Toto Wolff, sem adiantar explicações. «Temos de analisar tudo e perceber o que correu mal para aprendermos as lições necessárias para fecharmos este capítulo. Um mau fim-de-semana não apaga tudo o que conseguimos até aqui, mas sabemos que não há lugar a complacência depois de um Grande Prémio como este!».
Não deixa de ser verdadeiramente estranho que, tendo dado conta dos problemas logo na sexta-feira, a Mercedes não tenha conseguido reagir ao longo de dois dias, pois também na corrida se percebeu que Hamilton e Rosberg não conseguiam acompanhar Vettel e Ricciardo, sempre que estes forçavam o ritmo. A pista nipónica de Suzuka é um traçado de alta velocidade, com curvas muito rápidas, terreno de eleição para os Mercedes… pelo menos até agora. Será o ressurgimento dos «Flechas de Prata»?