A Mercedes pode ter estado a andar em Barcelona, ao longo destes quatro dias de testes, com o motor num modo conservador em termos de potência para evitar eventuais problemas de fiabilidade que já têm surgido nos testes efectuados nos bancos de ensaios da fábrica de Brixworth. Esta explicação foi avançada pela «Sky Sport» e poderá explicar algumas coisas, embora levante outras perguntas…
Segundo aquele canal televisivo britânico, nos dinamómetros onde os motores são sujeitos aos testes mais extremos, nas instalações de Brixworth – os chassis são feitos em Brackley –, já terão ocorrido alguns problemas. Mas também é para isso que servem esses testes, para descobrir os pontos fracos dos motores, por onde eles podem dar problemas e corrigi-los logo ali. Mas esta questão foi hoje levantada, depois de a equipa tricampeã do Mundo ter ficado com a última manhã de testes estragada devido a um problema eléctrico que manteve o W08 EQ Power+ preso na «box»…
Alguns problemas de fiabilidade terão sido já identificados e o próprio Lewis Hamilton confidenciou aos «media» que, nestes dias de testes, nunca andaram com o motor na afinação de potência máxima nem com os depósitos com pouca gasolina, em configuração de qualificação. A pergunta que se coloca é: então para quê «calçar» o carro de Valtteri Bottas com pneus ultramacios? Só para baralhar a concorrência?... E deixar a Ferrari animada por ver Vettel fazer um tempo quase igual com pneus macios?...
A conclusão que se pode tirar é que aquele 1.19,7 obtido por Bottas… vai ainda baixar muito! Porque, ainda segundo a «Sky Sports», a Mercedes terá já preparada uma evolução do seu motor para… o G.P. da Austrália! E recorde-se que, este ano, acabou aquele sistema das fichas de desenvolvimento e, portanto, as marcas poderão introduzir diversas evoluções, desde que não implique mudança dos componentes dos motores que se encontram limitados a quatro para toda a temporada.
Ainda recentemente Ross Brawn, agora num outro papel, trabalhando com os novos donos da F1, o Formula One Group, comentava: «Os que acreditaram que as mudanças dos regulamentos iriam pôr a Mercedes em dificuldades são algo naïves… Pelo contrário, uma equipa com tantos recursos vai ganhar ainda maior vantagem e como acabou o sistema das fichas de desenvolvimento poderá exprimir toda a sua capacidade sem quaisquer restrições!».
Se assim for e se se confirmar que a Mercedes andou sempre de forma muito conservadora nestes testes de Barcelona, isso quer dizer duas coisas: corremos o risco de ter uma época com um domínio da equipa da estrela como nunca tivemos até aqui (havendo sempre a ressalva da fiabilidade); e os monolugares de F1 deste ano serão mesmo os mais rápidos de sempre!