Já era de esperar que, mais cedo ou mais tarde, a «bomba» rebentasse… Aliás, já em tempos, num artigo de opinião, chamáramos a atenção para o facto de ser injusto atribuir o ressurgimento da Ferrari em exclusivo à nova equipa que tomou conta da Scuderia no final do ano passado, havendo muito trabalho – começando pela contratação de Vettel… – que fora feito ainda pela anterior direcção. E o projecto do SF15-T é outro desses «detalhes», já que os monolugares de uma época começam a ser concebidos em Maio/Junho do ano anterior.
Não foi, por isso, surpreendente que, ao fim de tantos meses de elogios e autopromoção da nova equipa dirigente da Ferrari, um dos ex-elementos não tenha aguentado mais e tenha desabafado… No caso, o ex-projectista Nicholas Tombazis, despedido em Dezembro que se considera «mal tratado» e um «bode expiatório». «Não esperava o despedimento por dois motivos», explicou ao diário «Corriere della Sera». «Não enjeito responsabilidades mas, da forma como a equipa estava organizada, trabalhei muito menos no carro de 2014 do que outros. Por outro lado, o carro de 2015 foi o primeiro, desde 2008, em que estive mais tempo a trabalhar. E foi também o primeiro a usar o túnel de vento modernizado».
O projectista grego não esconde a mágoa por ter sido dispensado por o seu espírito «não estar de acordo com os que tinham acabado de entrar em Maranello». «A Ferrari poderia ter-me dispensado noutro momento, fazê-lo naquela altura pareceu-me ilógico. Não teríamos apanhado os Mercedes, como se vê, mas estaríamos mais perto. Mas sempre esperei ser tratado de outra forma…».
Tombazis garante que não procura os louros da competitividade do SF15-T: «Não sou nenhuma estrela que reclama méritos, trabalhámos todos em grupo. O carro de 2015 é tanto meu quanto dos outros, foi pensado há mais de um ano, foi rápido desde o início e eu estive a trabalhar até ao início de Dezembro, quando o carro já estava a ser fabricado. Esperava, pelo menos, algum reconhecimento pelo trabalho feito e às vezes interrogo-me sobre o que se diria se o SF15-T, afinal, tivesse corrido mal…».
Por entre as mágoas passageiras, a única verdadeira amargura da passagem de Tombazis pela Ferrari foi… não ter conseguido dar um carro dominador a Fernando Alonso! «Foi de longe o melhor piloto que vi e talvez ainda o seja hoje. Se o carro desse para ser 5.º, ele conseguia ser 4.º ou 3.º! A Ferrari teria feito melhor em mantê-lo…».