Uma parte da imprensa britânica ainda não «digeriu» bem a derrota de Lewis Hamilton no último Mundial de Fórmula 1 e continua a ser bastante agressiva nas entrevistas que faz a Toto Wolff, director da equipa Mercedes. Veja-se o caso recente de uma jornalista da «BBC 5 Live Sport» que perguntou, sem subterfúgios, se a Mercedes tinha… roubado o título a Hamilton!
Wolff lá voltou a explicar que a derrota do britânico se deveu a um acumular de circunstâncias típicas do desporto automóvel: «Houve fata de sorte, problemas de fiabilidade e algumas falhas de pilotagem», resumiu o austríaco, antes de partir para uma (paciente) lição sobre o que é o automobilismo (e os desportos motorizados em geral) e o que o distingue de outros desportos.
«O que mais aprecio na F1 é que é um desporto mecânico, não se trata apenas de pôr os pilotos em pista, mas também de desenvolver bons carros para que os pilotos possam mostrar o melhor do seu talento. E haverá sempre épocas em que o azar, a fiabilidade e a má pilotagem serão decisivos… Não estou a dizer que foi o caso do Lewis, mas também o vimos com o Nico, há uns anos, com um carro que não foi nada fiável, com falhas nas últimas corridas e em Singapura», explicou Toto Wolff.
Que usou mesmo uma comparação curiosa para explicar que o talento não chega nos desportos motorizados: «O Lewis sabe que a Fórmula 1 não é, por exemplo, como o ténis em que o jogador tem uma raqueta na mão e depende do seu estado de forma. Para ganhar uma corrida não se depende apenas do seu talento, este é um desporto muito técnico e sempre assim foi nos desportos motorizados!».
E para apoiar esta sua teoria, Toto Wolff foi mesmo a um extremo, depois de «provocado» pela pergunta se preferia gastar mais dinheiro em engenheiros ou em pilotos: «Investiria numa equipa de engenheiros de categoria mundial! Porque os melhores pilotos conseguem fazer uma diferença de alguns décimos de segundo, enquanto os grandes engenheiros podem encontrar diferenças maiores e ter um impacto no rendimento do carro muito maior que os melhores pilotos».