Estamos a poucas horas do início, em pista, da época de 2017 de Fórmula 1. Mas, na verdade, tudo começou bem antes, durante as verificações técnicas e um encontro entre Charlie Whiting e as equipas para alguns esclarecimentos… e «avisos à navegação».
Começando pelas polémicas em torno das suspensões que Red Bull e Mercedes estariam a desenvolver, com sistemas que conseguiriam nivelar o carro nas rectas, elevando ligeiramente a frente, o que lhes permitiria ter um «rake» elevado – a traseira mais alta que a frente – que lhes dava vantagem nas curvas. Esse foi um esquema muito usado pela Red Bull que a Mercedes se preparava para adoptar, mas um pedido de esclarecimento da Ferrari levou a FIA e clarificar a proibição de tal sistema, obrigando aquelas duas equipas a alterarem as suspensões dianteiras dos novos carros.
Segundo Whiting, a FIA verificou as suspensões do Mercedes e do Red Bull nos testes de Barcelona e vai voltar a fazê-lo, com todas as equipas, durante o fim-de-semana de Melbourne. «Não pode haver uma suspensão que afecte o rendimento aerodinâmico do carro de qualquer outra forma que não seja acidental», esclareceu, garantindo que não haverá protestos em Melbourne.
Também serão verificados todos os volantes bem como os mapas electrónicos de controlo das embraiagens para que a FIA se certifique se de que as equipas cumprem os novos critérios para os arranques, agora totalmente controlados pelos pilotos. As asas em ‘T’ que Ferrari e Williams usam no final da tampa do motor e que a Mercedes tem à frente da asa traseira serão verificadas quanto ao seu grau de flexibilidade, para julgar da sua perigosidade e, eventualmente, tomar alguma medida.
Outro controlo feito pela FIA em Barcelona foi o de sistemas de injecção e de consumos. Na verdade, o que se pretende é controlar se há alguma equipa a misturar óleo na gasolina para melhorar a combustão, retirando daí maiores «performances» para o motor. Respondeu assim a FIA a desconfianças levantadas em relação à Mercedes (que esta desmentiu) e a um pedido de esclarecimento por parte da Renault.
Como já aqui dissemos, as duas primeiras corridas servirão para a FIA estudar o funcionamento do sistema DRS com esta nova aerodinâmica podendo levar, a partir da terceira prova, ao aumento das zonas em que aquele dispositivo pode ser usado, de forma a facilitar as ultrapassagens. Demorará mais algumas provas até a FIA formar uma opinião em relação ao trabalho da Pirelli com os pneus mais largos feitos para esta temporada.
Tal como já aconteceu com a pista de Albert Park que teve de reforçar a segurança em duas zonas, os circuitos que o Mundial deste ano irá visitar serão revistos, devido às velocidades mais elevadas que os carros atingem em curva. Em princípio, as pistas mais modernas não deverão precisar de alterações, pois têm escapatórias «quilométricas». Mas traçados mais antigos, como Suzuka, Spa ou Interlagos, poderão ter de fazer algumas intervenções pontuais para elevar os níveis de segurança.
Quanto a 2018, há também novidades. A FIA aproveitará as três primeiras corridas deste ano para recolher dados e avaliar as diferenças entre os quatro motores que actualmente competem na Fórmula 1. A partir da análise desses dados poderá decidir alguma mudança de regras para 2018, nada de radical, apenas alguns retoques para tentar nivelar o pelotão.
E, por fim, voltou a falar-se do halo, havendo grandes possibilidades daquela estrutura de protecção do habitáculo vir mesmo a ser adoptada no próximo ano. Há ainda outras hipóteses em estudo e já não haverá mais testes em treinos livres como houve ao longo de 2016. Mas uma decisão terá de ser tomada até 30 de Abril para que possa ser incluída no regulamento de 2018 sem exigir a unanimidade das equipas.