As mais de dez mil pessoas que estiveram no autódromo, seguindo o excelente fim-de-semana de corridas que constituiu o programa das 4 Horas do Estoril, vibraram com a passagem dos históricos Fórmula 1 da Renault! Foram vários os monolugares expostos, embora só dois tenham rodado e logo dos mais emblemáticos da colecção.
O veteraníssimo mas sem adorado e bem disposto Jean Ragnotti encarregou-se de tripular o Renault RS 01 de 1978, monolugar fundamental até na história da própria Fórmula 1. Foi este carro que iniciou a era turbo na modalidade, marcando uma viragem completa com o seu pequeno motor de 1,5 litros, face aos V8 e V12 3.0 atmosféricos utilizados na altura.
Poucos anos depois, todo o pelotão da F1 usava motores turbo que viriam atingir potência ainda hoje difíceis de imaginar (mais de 1200 cv!) naquelas versões de qualificação que pouco mais faziam que… um treino! Foi o Renault RS 01 que os britânicos jocosamente apelidaram de «yellow tea pot» pelos inícios difíceis em que muitas provas terminavam com o carro envolto em fumo. Mas rapidamente iriam engolir as graças e algumas equipas suas acabariam mesmo por comprar os motores franceses…
O outro carro em pista – e ambos rodaram mesmo em condições difíceis, com a pista bem molhada – foi o Renault RE 40 de 1983. Ao volante esteve Michel Leclère, piloto que se reencontrou com o autódromo do Estoril, onde chegou a ter actuações de relevo, no final dos anos 70, nas corridas de Fórmula 2!
Foi com este carro que a marca francesa esteve à beira de conquistar o título de campeã do Mundo de Pilotos, em 1983, com Alain Prost. O francês chegou à última prova, o G.P. da África do Sul, com dois pontos de vantagem sobre Nelson Piquer (Brabham/BMW), mas um turbo partido obrigou-o ao abandono. Ironia do destino: a Renault introduzira o turbo na F1 cinco anos antes, mas o primeiro título dos turbos iria para a BMW…
Outros F1 célebres da Renault estiveram em exposição no autódromo do Estoril, para os muitos espectadores que compraram bilhete de «paddock» para estarem mais perto da acção. E que puderam admirar de perto, entre outros, o RE 60 de 1985 ou o R26 de 2006 com que Fernando Alonso conquistou o seu segundo título mundial. E assim, pelas mãos da Renault, a Fórmula 1 esteve de volta ao autódromo do Estoril com uma fantástica exibição… para matar saudades!