Charlie Whiting, director de prova da Fórmula 1, foi uma presença inusitada e inesperada na habitual conferência de imprensa das quintas-feiras dedicada… aos pilotos. Mas, depois de tantas polémicas que «sobraram» do G.P. do México, Whiting achou por bem esclarecer algumas coisas e apresentou-se perante os jornalistas.
«É muito fácil deixar no ar que há inconsistência na forma como as decisões são tomadas, mas não há dois incidentes iguais e convém explicá-los», disse, referindo-se à alegada diferença de tratamento entre o corte pela relva feito por Hamilton após a curva 1, na partida, e o que Verstappen fez, no mesmo local, quando se defendia de Vettel.
«O Lewis comete um erro, corta pela relva, ganha uma vantagem significativa mas depois, entre as curvas 3 e 4, levanta o pé do acelerador em 80% devolvendo esse avanço. E logo a seguir entra o ‘safety car’ pelo que a vantagem desaparece por completo, o que leva os Comissários a julgarem que ele não ganhou qualquer vantagem», explicou Whiting. «Se o Max tem feito o mesmo entre as curvas 3 e 4 teria perdido certamente uma posição, por isso os Comissários consideraram que ele merecia a penalização, por ter ganho vantagem. É a diferença fundamental entre os dois incidentes».
Já em relação à linguagem ofensiva que Sebastian Vettel utilizou na fase final da corrida e que lhe foi dirigida de forma muito clara, Whiting diz que os pedidos de desculpa bastaram e que o episódio é passado: «Não é a primeira vez que se ouvem palavrões e o facto de me ser dirigido é particularmente infeliz… Houve, claro, circunstâncias mitigantes que levaram à natural frustração do Sebastian. Mas o facto de ele me ter procurado imediatamente após a corrida para se desculpar, para mim isso basta. Estou pronto a esquecer e seguir em frente, são coisas que acontecem no calor do momento e agora já sabem qual é a posição da FIA [mão pesada a partir de agora] e isso chega».
Quanto à pista mexicana e ao «convite» que o vasto relvado da curva 1 apresenta para se cortar a pista, Charlie Whiting já avisou que, em 2017, já não se deverão repetir as cenas deste ano… «Temos sistemas que obrigam os pilotos a seguir determinados caminhos de volta à pista e que são bastante mais lentos», disse o britânico, antecipando alterações naquela escapatória do autódromo Hermanos Rodriguez.
«Já o fizemos em vários circuitos, como na segunda chicane de Monza, na última chicane de Montreal ou na curva 2 de Sochi», recordou Whiting, prometendo complicar a vida a quem falhe a travagem no final da longa recta da meta. «Há um ano este problema não se pôr porque a relva era nova e estava muito molhada, este ano era mais fácil passar por lá…»
Na conferência estiveram também, entre outros, Hamilton e Verstappen, com o holandês a continuar a não concordar com a sua penalização e o tricampeão do Mundo a dizer que os pilotos têm de colaborar mais com Whiting no julgamento destes casos. Quanto a Vettel, também presente, voltou a mostrar-se arrependido do que disse pelo rádio… mas não jurou que não o possa repetir! E tudo acabou em festa, com uma bela «selfie» do director de prova com os seis pilotos presentes, Rosberg, Hamilton, Massa, Ricciardo, Vettel e Verstappen!