O foco do G.P. do Azerbaijão ficou tanto na luta… do 4.º e 5.º classificados (Vettel e Hamilton) que pouco se ligou ao regresso ao pódio de um canadiano, quase 16 anos depois de Jacques Villeneuve ter sido 3.º no G.P. da Alemanha-2001! Mas este caso bem merece uma atenção especial, até por se tratar do estreante mais jovem de sempre a chegar ao pódio de um Grande Prémio: aos 18 anos, 239 dias, Lance Stroll teve um fim-de-semana perfeito para um resultado de sonho! Mas muito trabalhou para isso…
Claro que os irredutíveis críticos continuarão a dizer que o «menino rico» não ultrapassou ninguém e que teve sorte em chegar ao pódio… Nada de mais injusto e só quem estiver de má-fé poderá analisar assim a prestação de Stroll neste fim-de-semana, em clara subida de forma depois dos primeiros pontos somados no Canadá: numa pista difícil, traiçoeira e totalmente desconhecida (nem a no simulador a conhecera), o pior tempo que Stroll fez em todos os treinos foi o 11.º logo na primeira sessão; e bateu Massa na qualificação. Na corrida manteve-se afastado dos muitos problemas e fugiu de todo o pelotão, só não conseguindo acompanhar Ricciardo e defender-se, na recta final, do ataque «com tudo» de Bottas.
«Foi um fim-de-semana brilhante, não cometeu a mínima falha e manteve-se longe dos incidentes da corrida. Fez uma prova com um excelente ritmo e geriu muito bem a degradação dos pneus», resumiu Paddy Lowe, responsável técnico da Williams. «E mesmo se perdeu o 2.º lugar por um ‘nada’ quando o Valtteri accionou o DRS na recta final [e mostrou a diferença entre os motores Mercedes oficiais e os cliente…], ficámos felicíssimos com o seu 3.º lugar».
Como conseguiu o jovem canadiano tão rápida progressão nestas últimas duas provas? Os pontos obtidos em Montreal foram cruciais para o aumento da autoconfiança mas, antes da viagem para Baku, houve um «trabalho de casa» que pode ter ajudado: um teste de um dia, na pista de Austin, onde se realiza o G.P. dos Estados Unidos, com um Williams FW36 de 2014. «Fomos só fazer algumas experiências de afinações e comparar as dele com as do Massa, mas coisas muito genéricas que são comuns a quaisquer carros de competição, como configurar um monolugar, e isso auxiliou-o», revelou Paddy Lowe.
«O problema das sextas-feiras é que há um tempo limitado, pneus limitados que nem sempre são do mesmo tipo e as pistas vão evoluindo rapidamente por haver muitos carros a rodar. Por isso foi muito bom ele poder ter um dia inteiro para se focar numa única coisa», explicou Lowe, dando valor a esse teste. «Acho que, agora, o Lance tem a sua carreira definitivamente lançada, mesmo se esta é uma época complicada para um estreante, como percebemos ao ver campeões do Mundo com dificuldades em pôr os pneus a funcionar correctamente…».
Já o pai do piloto, Lawrence Stroll, optou por desvalorizar a importância desse testes feito em Austin, entre as corridas do Canadá e do Azerbaijão: «Sinceramente não me parece que tenha ajudado em nada, além de que já estava planeado há nove meses. Só o tempo pode ajudar o Lance. Cada corrida, cada volta é um passo em frente. Como não há testes na F1, cada Grande Prémio é um teste para ele». Com teste ou sem teste, uma coisa é certa: podiam dar-lhe até o melhor carro do Mundo e tirar meio pelotão da corrida que, sem talento, nunca conseguiria aproveitar as oportunidades para subir a um pódio aos 18 anos e 239 dias…