Apesar de terem sido dadas a conhecer as linhas mestras dos motores que os Fórmula 1 usarão a partir de 2021 – seguindo os três princípios de mais baratos, mais simples e mais barulhentos –, a procissão ainda vai no adro e muito se irá discutir até haver um regulamento definitivo. Porque se, primeiro, foram os actuais construtores a não acharem grande piada ao anunciado (a maior simplicidade dos motores esconde a necessidade de construir motores totalmente novos, com o correspondente investimento), agora até de equipas-clientes e de menor dimensão vê alguns avisos…
Otmar Szafnauer, chefe de operações da Force India, tem uma visão curiosa acerca deste «embaratecimento» dos motores e não é por a sua equipa nadar em dinheiro… Diz ele que a tendência de tornar os motores mais semelhantes, pela «standardização» de vários componentes, um dos caminhos para os tornar mais baratos, vai tirar uma variável da «equação da competitividade» de cada equipa e isso só poderá ser prejudicial à Fórmula 1. E o seu raciocínio faz todo o sentido…
«Podemos gastar 100 milhões num piloto por três anos ou algo parecido. Porque havemos de gastar 100 milhões num piloto? A única explicação é porque isso representa uma vantagem. Logo é uma fórmula de pilotos. E porque havemos de gastar dezenas senão centenas de milhões em programas de aerodinâmica? Porque ganhamos vantagem. Então porque havemos de estar a poupar no motor? Também devia ser uma fórmula de motores, tal como é de pilotos e de aerodinâmica», defendeu Szafnauer.
«A equipa com o melhor conjunto ganha. Se tiramos o motor enquanto elemento diferenciador, os outros dois tornam-se mais importantes e isso é errado. Estamos na F1! Não podemos igualar tanto os motores ao ponto de eles se tornarem todos iguais ou quase. Para quê tirar o desafio de fazer o melhor propulsor da F1?», interroga-se o responsável da Force India que acredita que, nos próximos meses, ainda muito se falará das regras dos futuros motores.
«Não é um facto consumado, foi só uma primeira discussão e apresentação. E penso que vamos ter novas informações. Acho que ainda teremos um ano pela frente até chegarmos a um conjunto de regras definitivas, por isso vamos contar com o contributo de toda a gente e ver até onde isso nos leva». Apesar de recusar a «standardização» exagerada nos motores da F1, Otmar Szafnauer reforça que o mais importante é que se tornem mais baratos… «Não sei qual será o preço, mas é o mais importante para nós». O que implica assim uma espécie de… quadratura do círculo!